Especialista esclarece dúvidas sobre reações e benefícios da injeção para esse grupo
Enfermeira Haline Morato conversou com a reportagem para orientar a população e esclarecer as dúvidas levantadas em meio à polêmica sobre a imunização das crianças (Foto: Arquivo pessoal)
Depois de recomendar a suspensão da vacinação contra a covid-19 para adolescentes sem comorbidades, de 12 a 17 anos, em razão da morte de uma adolescente, em São Bernardo do Campo (SP), oito dias depois de receber a dose da Pfizer, o Ministério da Saúde voltou atrás e decidiu estimular a imunização, nos adolescentes e inclusive agora querendo incluir crianças com mais de cinco anos no calendário mundial de vacinação. A pasta se retratou depois de críticas de entidades médicas e de manifestações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) corroborando a segurança da vacina da Pfizer nessa faixa etária.
O jornal
A Cidade procurou a especialistas no assunto, a enfermeira Haline Morato que conversou com a reportagem para orientar a população e esclarecer as dúvidas levantadas em meio à polêmica sobre a imunização das crianças.
Nesse momento, segundo ela, devemos deixar de lado a ideologia política e nos atermos apenas em evidências científicas, e seguir como base relatos de órgãos que estudam, pesquisam e retratam o tema com a seriedade que o assunto exige.
“Os adolescentes são um grupo considerado de baixo risco para as formas graves de Covid-19, isso é fato. Entretanto, eles transmitem da mesma forma que os adultos. Ou seja, se pensamos em atingir a imunidade coletiva, é preciso que eles também sejam vacinados e está claro e evidente para todos nós que reduzimos casos de morte e hospitalização por causa da aceleração da vacina”, afirma a especialista.
Outro ponto importante, segundo a enfermeira, é que a mortalidade e o risco de formas graves da Covid-19 entre adolescentes brasileiros são maiores em comparação a outros países. “Isso se deve a problemas do nosso sistema de saúde e da própria realidade socioeconômica”, completou.
Dúvidas
Atualmente, não há nenhum imunizante autorizado pela Anvisa para uso em pessoas com menos de 12 anos. Inclusive, o pedido do Instituto Butantan para ampliar a faixa etária foi negado por unanimidade pelos diretores do órgão. Entre os pontos levantados por eles estava a falta de estudos da fase três, que são específicos para determinar a eficácia de um imunizante.
Em relação à existência de uma faixa etária abaixo dos 18 anos que seja mais afetada pela Covid, a enfermeira explicou que um levantamento feito pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) apontou que, entre as crianças e adolescentes mortos pela Covid em 2020, 45% tinham até dois anos.
“O percentual chama atenção porque, apesar de estar restrito a uma faixa etária bastante limitada, de zero a dois anos, corresponde a quase metade do número total de mortes causadas pela Covid-19 em pessoas com até 18 anos”, disse Haline.
O que deve ser levado em conta, então, na hora de vacinar as crianças? A decisão, independente da doença, deve levar em consideração três fatores: impacto da doença na população, eficácia da vacina na prevenção da doença e segurança.A enfermeira acrescentou que as crianças respondem bem à vacinação contra a Covid.
Sobre qual seria o momento certo para vacinar as crianças contra a Covid, a enfermeira explicou que o ideal seria que o país pudesse contar com um grande volume de vacinas, de forma que a vacinação de crianças e adolescentes pudesse começar ao mesmo tempo em que os idosos recebessem a terceira dose dos imunizantes.
A enfermeira Haline também explicou que agora é um bom momento para os pais manterem a carteirinha de vacinação das crianças em dia e, se possível, complementarem o esquema vacinal com a pneumocócica-13, que previne muitas doenças pulmonares.
“A variante delta do coronavírus vai pegar quem não é vacinado. E quem não é vacinado são as crianças. Os sintomas da Covid-19 nelas são apenas gripais, mas pode ser fatal se transmitida aos pais ou avós com quem convivem. O melhor remédio no caso de doenças virais é a vacinação, então recomendo aos pais que agora é um excelente momento para manter a carteira de vacinação das crianças em dia e observar principalmente vacinas relacionadas a doenças pulmonares como a vacina da pneumonia e também a vacina pneumocócica-13, que não é dada nos postinhos, só em clínicas particulares, porém muito eficaz no combate a doenças pulmonares. Seria uma ótima oportunidade para os pais adicionarem a carteirinha de vacinação das crianças vacinas como a pneumocócica-13”, disse.
A Clínica Protege Vacinas e Cuidados de Votuporanga fica localizada na rua Sergipe, 3348. Os telefones para contato são: (17) 3422-9157 e (17) 9 9747-5492. O Instagram é: @protegecuidados.