Jadson Junior Caporalino da Silva, de 22 anos, sofreu acidente de trânsito; equipe multidisciplinar proporcionou tratamento integrado
Jadson Junior Caporalino da Silva, de 22 anos, recebeu a alta na segunda-feira (20) depois de ficar 85 dias internado devido um acidente (Foto: Divulgação/Santa Casa de Votuporanga)
A vida de Jadson Junior Caporalino da Silva, de 22 anos, ganhou um novo significado recentemente: gratidão e esperança. O jovem ficou 85 dias internado na Santa Casa de Votuporanga, após acidente de trânsito.
Ao receber a alta na segunda-feira (20), ele comemora sob uma nova perspectiva de quem valoriza cada dia, cada momento, com a certeza de que viver é celebrar a saúde e sua família! E com o coração repleto de amor e consideração pela equipe multidisciplinar do Hospital, que foi responsável pelo seu tratamento.
Jadson sofreu acidente de moto no dia 27 de junho, após um mal súbito. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) com fratura de quadril e escoriações graves.
O seu primeiro atendimento foi feito pela equipe de urgência e emergência do Hospital, com o ortopedista Dr. Lucas Ferreira Arroyo Marchi. “Devido à gravidade e urgência, foram realizados procedimentos cirúrgicos no quadril direito, com fixação transesquelética para estabilidade. Entretanto, a gravidade da região glútea esquerda foi extrema, com mais de 20 centímetros de extensão e profundidade. Apesar da extensa lesão com perda importante de tecido muscular, optamos pelo debridamento e lavagem exaustiva e sutura”, explicou.
Dr. Lucas ressaltou a gravidade do caso. “O maior desafio em todo o período de tratamento era evitar que a lesão extensa evoluísse para um grau de contaminação e infecção profunda com acometimento ósseo, sepse e até óbito!”, complementou.
Desde sua cirurgia, a equipe multidisciplinar da Santa Casa foi acionada com atuação de psicólogo, nutricionista, fisioterapeutas e enfermeiras do Grupo de Curativos. “Fazíamos curativos de segunda e quinta-feira, dentro do próprio Centro Cirúrgico, com cuidados intensivos”, disse a enfermeira Luciana Mitiko Hentona.
Luciana faz parte do Grupo de Curativos, juntamente com as enfermeiras Lilian Maira Curti Passos e Luisa Marangoni Arantes. A equipe se dedicou na recuperação do tecido, com o método da Universidade de São Paulo denominado como curativo a vácuo.
Lilian explicou o procedimento. “O dispositivo desenvolvido no Brasil acelera a cicatrização de feridas complexas. O método utiliza curativos disponíveis no mercado brasileiro, regulador e rede de vácuo, equipamento que aspira a secreção dos pacientes, empregado rotineiramente nos hospitais. A lesão é coberta por esponja esterilizada e envolvida em plástico adesivo. Um tubo ligado à rede de vácuo faz a sucção constante. Essa drenagem impede infecções e promove a multiplicação de vasos e a regeneração do tecido”, destacou.
Por sua vez, Luisa ressaltou que, com o dispositivo, acelera o processo de cicatrização, o ferimento diminui, cresce o tecido e se forma novos vasos sanguíneos.
Após todo esse cuidado, veio uma nova etapa: a cirurgia plástica reparadora. Mais um novo desafio: manter a mobilidade do paciente, sem comprometer a qualidade de vida. O caso foi minuciosamente estudado pelo médico Dr. Rafael Rodero Neto.
Dr. Rafael explicou os motivos. “Geralmente, fazemos retalhos musculares com o glúteo. Porém, quando se usa essa técnica, o músculo perde sua função. Por isso, optei por um novo método com retalho fasciocutâneo, composto por pele, gordura subcutânea e fáscia profunda”, disse.
O procedimento foi inédito na Instituição. “Este método denominado VY foi desenvolvido pelo Hospital das Clínicas, pensando na idade do paciente e preservando sua locomoção. Foram aproximadamente quatro horas de cirurgia”, complementou.
Importância da equipe multi
Dr. Rafael ressaltou a importância da equipe multidisciplinar. “Tratava-se de uma úlcera profunda. O trabalho multidisciplinar foi fundamental neste tratamento, principalmente do apoio da enfermagem no pós-cirúrgico”, disse.
O ortopedista Dr. Lucas também reconheceu a atuação de todos os envolvidos. “Com certeza, o trabalho multidisciplinar foi primordial para recuperação do paciente- enfermeiros, técnicos, Grupo de Curativos e médicos – infectologia/ortopedia/cirurgia plástica. O empenho de todos com curativos, debridamentos seriados, curativo a vácuo, antibióticos específicos, rotação de retalho para fechamento final da lesão foi progressivamente mostrando-se nos resultados diários e evolução positiva do quadro do paciente. Outro ponto também que não podemos de deixar de relatar é que jamais teríamos sucesso no tratamento se não fosse toda a compreensão, paciência do Jadson, sua mãe e acompanhantes, que em momento algum mostraram-se pessimistas ou com questionamentos inoportunos, muito pelo contrario- sempre solícitos e confiantes que o melhor possível estava sendo realizado”, enfatizou.
Sob a ótica do paciente
Foram 85 dias dentro do Hospital, de muita reflexão. “A pior coisa era ter que ficar só no quarto. Quando você fica assim privado, sem poder sair, parece que o tempo para. Eu só pensava em como estavam as coisas, as pessoas. A única coisa que dava pra ver do meu quarto era o céu”, disse.
Mesmo na Instituição, ele nunca se sentiu sozinho. “Graças a Deus que a equipe toda era muito simpática, brincava, dava risada para eu me distrair. Quando eu estava triste, eram a minha força”, contou.
Teve até aniversário. Jadson completou 22 anos no dia 14 de agosto. “Minha namorada me fez uma surpresa. Ela levou um bolo pra mim e uma cesta de café da manhã, com uma foto que ficava perto do meu leito”, afirmou.
Ele fez questão de deixar um agradecimento para todos da Santa Casa. “Eu estou muito grato por ter conhecido cada um de vocês. Agradeço muito a Deus por ter ótimos profissionais, muito bem capacitados para cuidar de mim. Agradeço por cada sorriso que vocês colocaram no meu rosto nos dias que eu estava triste e pelo carinho e paciência que tiveram comigo. Peço a Deus que ilumine cada de vocês e dê força para exercer essa profissão que é muito linda e essencial”, enfatizou.
O provedor da Santa Casa, Luiz Fernando Góes Liévana, parabenizou todos os profissionais. “A história do Jadson nos enche de alegria e representa todo empenho de nossos colaboradores e médicos. Eles são verdadeiros heróis, que salvam vidas e que se dedicam em busca do melhor tratamento. Desejamos muita saúde para nosso paciente, sua trajetória nos inspira”, concluiu.