O dr. Rodrigo Fuza, médico psiquiatra e psicoterapeuta que atende em Votuporanga, falou sobre Setembro Amarelo, distúrbios psicológicos e como identificar possíveis 'sinais de perigo' em amigos e familiares
O psiquiatra dr. Rodrigo Fuza falou sobre a campanha Setembro Amarelo, distúrbios psicológicos e como identificar ‘sinais de perigo’ (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Nesta semana, um votuporanguense tirou a própria vida. Ele deixou esposa, filhos e os demais familiares e amigos. O caso aconteceu justamente no mês marcado pela campanha “Setembro Amarelo”, em prol da valorização da vida e prevenção ao suicídio.
Para falar sobre a campanha, distúrbios psicológicos e como identificar possíveis “sinais de perigo” em amigos e familiares, o dr. Rodrigo Fuza, médico psiquiatra e psicoterapeuta que atende em Votuporanga, veio aos estúdios da rádio
Cidade FM.
De acordo com o psiquiatra, a campanha é uma forma de, durante uma parte do ano, chamar atenção para um fato que, durante muito tempo, “a gente fingiu que não existia”.
Distúrbios
O dr. Fuza explicou que o Brasil é um dos países que mais registra casos de ansiedade e depressão, dois distúrbios psicológicos que, além de muito ligados um ao outro, podem levar ao suicídio.
O médico também apontou que o transtorno afetivo bipolar é uma doença comum no país e está associada à depressão. Ou seja, também pode levar ao suicídio. Essas doenças podem levar a pessoa a chegar ao que ele chama de “fase do desespero”.
Outra questão explicada pelo médico foi a hereditariedade das doenças mentais. “Se os seus pais têm, na história genealógica – irmãos, avós, bisavós etc – um grande número de depressivos ou outras doenças graves, você já tem uma certa predisposição a ter essa doença. A vida traz problemas e estressa e essa doença pode ‘abrir’”, disse.
Em alguns casos, o quadro do paciente pode escalar para um grau extremo de forma rápida.
“As vezes a bipolaridade abre um quadro abrupto e intenso, em que a pessoa, de um dia para o outro, pode entrar em crise ou surtar. A esquizofrenia também é uma doença grave em que o paciente, de uma hora para outra, pode entrar num grau de nervosismo com tristeza tão imensa que pode, sim, cometer suicídio e rápido”, explicou o médico. Ele acrescentou, porém, que esses casos atingem de 0,5% a 2% da população.
O psiquiatra também disse que a pessoa não precisa ter uma doença ou condição grave para pensar em suicídio. “Basta a vida não dar muito certo que uma grande parte vai começar a pensar isso”, disse.
Sinais
O primeiro ponto explicado pelo dr. Fuza foi que existem pessoas que falam, diretamente, que pensam em suicídio e outras que expressam isso de maneira mais discreta ou indireta. “As vezes a pessoa fala que gostaria de sumir, que não gostaria de acordar, que todo dia que acorda de manhã e se depara com os problemas é quase indigesto para ela”, exemplificou.
Ele também disse que sentir felicidade e tristeza é normal. O alerta começa quando a tristeza – seja na pessoa ou em algum conhecido ou familiar – se estende durante semanas ou meses. “Quando essa tristeza é constante e dura de três semanas a um mês e a pessoa não está funcionando direito, no trabalho, na família, já são sinais para procurar ajuda”, explicou o psiquiatra.
O dr. Fuza também disse que é comum as pessoas protelarem essa busca por ajuda, por motivos que vão desde procrastinação até preconceito contra psicólogos e psiquiatras. “A pessoa vai primeiro no padre, pastor, clínico, neuro, geriatra, e, por último, me procura”, contou.
O consultório do médico psiquiatra e psicoterapeuta fica na rua São Paulo, nº3860. O telefone para contato é (17) 9 8117-2329, que também é WhatsApp. Além de atendimentos presenciais, o dr. Fuza realiza atendimentos on-line.