É como se, em um ano e sete meses, fossem varridas do mapa as cidades de Rio Preto, Mirassol, Olímpia e Urupês (Foto: Divulgação)
O Brasil atingiu recentemente a marca de 600 mil mortos pela Covid-19. É como se, em um ano e sete meses – a primeira morte pela doença no país foi registrada em 12 de março –, fossem varridas do mapa as cidades de Rio Preto, Mirassol, Olímpia e Urupês, que juntas somam 599.383 habitantes.
O patamar de vítimas ainda é alto (perto de 500 por dia) e há demanda por doses de reforço e cuidado com as sequelas do vírus. O impacto na saúde, na economia e em educação, dentre outras áreas, ainda vai ser sentido por muitos meses. Em Rio Preto, a demanda reprimida, aqueles pacientes com outras comorbidades que não foram atendidos durante a pandemia, deve perdurar pelo menos até a metade do ano que vem, isso no cenário mais otimista, com a realização de mutirões, segundo a Secretaria de Saúde.
Com 2.794 óbitos pela infecção, Rio Preto continua sendo a cidade com mais mortes a cada grupo de cem mil habitantes entre os municípios com mais de cem mil moradores do País. Contando também as menores cidades, a lista dos dez locais onde mais ocorreram mortes em relação à população tem cinco da região: Santa Clara d’Oeste, Parisi, Meridiano, Bálsamo e Macedônia. O triste índice é fruto do que aconteceu há alguns meses: de acordo com dados do Estado de São Paulo, a situação está melhorando. Santa Clara D’Oeste e Parisi não registram mortes por Covid há um mês e Meridiano está sem óbitos pela doença há dois meses.
Fernando Spilki, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, aponta que se passaram 76 dias entre a marca de 200 mil e a de 300 mil mortos e 36 entre a marca de 300 mil mortos e 400 mil mortos. Depois, o intervalo começou a desacelerar, graças à vacinação iniciada em janeiro. Foram 51 dias entre as 400 mil e as 500 mil vidas perdidas; entre as 500 mil e as 600 mil, foram 110 dias, de 20 de junho até dia 8 de outubro.
“Veja como deveríamos ter colocado toda a força e recursos possíveis em vacinas, aplicando tão logo estivessem disponíveis”, diz Spilki. “A gente não teve vacina todo o tempo, mas se tivesse um pioneirismo maior, ter vacinado entre final de dezembro e começo de janeiro, ter programado tudo isso no ano passado, a gente provavelmente teria passado melhor pelo surto da variante Gama e isso está demonstrado agora pelos números que temos com a variante Delta.”
Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista e consultora em biossegurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ressalta que ainda é necessário ter cautela. Ela lembra que muitos países ainda não foram imunizados. “Principalmente os mais pobres e com menos recursos financeiros. E tem também muitas pessoas que pertencem a movimentos antivacina nos Estados Unidos e na Europa, o que repercute em outras vacinas”, afirma. “A pandemia não acabou, estamos em fase de positividade para que ela se estabilize e assim a gente consiga ter uma proteção maior nas populações não só locais, mas a nível de mundo. É uma doença mundial, temos que ver o mundo que nos rodeia”, conclui.
*Com informações da Agência Estado