Medida foi anunciada pelo prefeito Jorge Seba em entrevista a Cidade FM e integra uma série de ações para conter o avanço da doença
Seba garantiu, porém, que a segurança e a privacidade dos moradores serão respeitados: ‘o que o drone vai procurar é criadouros’ (Fotos: Toninho Tavares/Agência Brasil e A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga tem vivido um surto de dengue. Até o momento, quase 2,5 mil pessoas contraíram a doença, duas morreram por conta dela e uma morte – a de uma criança de três anos – segue em investigação. Para lidar com esse cenário, a Prefeitura anunciou que vai passar a usar drones para buscar por criadouros de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, nos quintais das casas.
“Nós vamos utilizá-los para identificar, nos quintais, locais que podem se tornar focos de criadouros do mosquito da dengue. Depois dessa identificação, por fotos, vai haver uma abordagem, que será uma visita à residência, para que os agentes de saúde possam confirmar a informação [captada pelo drone]. Toda segurança e privacidade será garantida. O que o drone vai procurar é criadouro do mosquito”, explicou o prefeito, em entrevista exclusiva à
Cidade FM.
A ação com drones está prevista para acontecer a partir da semana que vem, mas a Prefeitura ainda não divulgou a data exata do início dos trabalhos com o aparelho.
Arrastão
Outra ação anunciada por Seba durante a entrevista foi a realização de um arrastão, previsto para esse mês. “Isso vai acontecer para promover uma ‘limpeza geral’ por Votuporanga. É uma mobilização que envolve o governo [municipal] e a sociedade. Assim, a gente vai conseguir vencer essa doença, que nos preocupa muito”, disse o prefeito.
A ação integra o que Seba chamou de “parte da Prefeitura” no enfrentamento do avanço da doença no município. Mas o chefe do Executivo ressaltou que a população também precisa se mobilizar neste combate.
“A Prefeitura tem que fazer a sua parte, cuidando das áreas públicas e procurar onde possam existir criadouros de larvas do mosquito da dengue. Em relação aos quintais, depende muito da população, porque cada um tem o seu e sabe o que pode acontecer. Existe muita informação sobre como evitar o surgimento de criadouros na mídia e redes sociais. Por isso, faço um apelo a toda a população para que cuide do seu quintal. Assim, a gente elimina os criadouros e diminui consideravelmente esse índice [de larvas do mosquito], que tem nos preocupado”, afirmou o prefeito.
Contexto
Esse índice citado por Seba na entrevista é o Lira (Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti). Neste índice, o recomendado é que o município atinja, no máximo, um. No caso de Votuporanga, a cidade beirou o cinco.
"É uma pesquisa feita dentro dos imóveis que são sorteados em um sistema e, em cada 100 imóveis [de Votuporanga], quase cinco foram encontradas larvas do mosquito. Ou seja, esse número está muito acima do ideal, que seria até um, o que pode provocar um risco de epidemia por isso", explicou Samara Fernandes, responsável pela Vigilância Ambiental.
Esse cenário ressalta, para o prefeito, a necessidade de tanto a Administração Municipal quanto a população “encarar de frente” o problema. “Todas as pessoas que tiverem algum tipo de desconfiança de que possam ter algum criadouro [em algum lugar], podem entrar em contato com a Secretaria da Saúde. Os agentes vão continuar fazendo o trabalho deles. Eles são a ‘ponta de lança’ da Pasta para a identificação [dos criadouros]”, acrescentou Seba.
Por fim, ele classificou a atual situação de Votuporanga como uma “pequena guerra” entre o governo municipal (com a população) e a dengue. “Ela [a guerra contra a dengue] tem o comprometimento da [Secretaria] da Saúde. Essa questão dos óbitos acaba fortalecendo, ainda mais, o discurso da prevenção contra a doença”, finalizou Seba.