“Meu Pedacinho de Chão” começou tímida, mas devagarinho vem mostrando para que veio, conquistando a cada capítulo mais audiência
Quando foi anunciado de como seria o remake de “Meu Pedacinho de Chão”, muitos entendidos em televisão torceram o nariz, afirmando que uma trama que tem como pano de fundo um cenário de conto de fadas, com muita cor e alegria não iria agradar. E o pior é que eles estavam certos, a novela teve a pior estreia na faixa das 18 horas, desde 2000.
Pode-se dizer que o autor Benedito Ruy Barbosa e diretor Luiz Fernando Carvalho deram um passo ousado e a novela agora começa a cair no gosto popular e já é bastante comentada nas ruas.
Aqueles que acompanham “Meu Pedacinho de Chão” sabem que a Vila Santa Fé é o mundo da infância de duas crianças. Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia) são os protagonistas infantis. A magia de um mundo de brinquedo, com árvores de várias cores e casas revestidas de latas enfeitadas, é o caminho para o diretor ressaltar a atmosfera da infância que traz o texto. A cidade cenográfica é um dos elementos principais da narrativa.
O universo rural foi ressignificado a partir do olhar da criança, mas com um tom de modernidade. E de mãos dadas com o universo arquetípico do autor. Estão lá os coronéis, os capangas, a professorinha, porém revitalizados pelos códigos da contempora-neidade.
Nesse sentido, o texto de Benedito Ruy Barbosa é um clássico que pode e deve ser lido de várias maneiras. Na primeira versão, em 1971, de maneira realista; agora, lírica. O que denota a abrangência do texto.
Bruna Linzmeyer é a protagonista adulta da trama e está arrancando suspiros de três galãs na fábula. Ferdinando (Johnny Massaro), Dr. Renato (Bruno Fagundes) e Zelão (Irandhir Santos) estão enamorados pela doçura e simpatia da professorinha. Por enquanto, quem está na frente é Dr. Renato que conseguiu fisgar o coração de Juliana. Nos próximos capítulos Zelão tentará sequestrar a amada.
A música pode-se dizer é um espetáculo à parte em “Meu Pedacinho de Chão”. Luiz Fernando Carvalho buscou também na música toda a magia do universo lúdico de “Meu Pedacinho Chão”. O diretor, ao lado do maestro Tim Rescala, concebeu uma trilha sonora rica em lirismo, comicidade e até tragédia. Tim, que também é compositor e arranjador, assina a música original e a produção musical da novela composta por 28 músicas sinfônicas inéditas de sua autoria, gravadas pela Orquestra Sinfônica Heliópolis e pelo Coral da Gente. Além das composições inéditas, Tim Rescala criou novos arranjos para canções populares como “Chuá Chuá”, que foi cantada, em cena, por todo o elenco. Alguns atores, além de cantar, tocam instrumentos musicais. Inês Peixoto (Dona Tê) toca acordeom e Gabriel Sater (Viramundo), filho do músico Almir Sater, toca viola.
A professorinha Juliana está preocupada, pois talvez tenha que dar aulas em outro lugar, pois a prefeitura das Antas não terá dinheiro para pagar o seu salário. O mesmo acontecerá com Dr. Renato, que não terá ajuda pública para manter o seu posto de saúde. O personagem ficará desconcertado quando uma senhora oferece uma galinha como forma de pagamento de sua consulta médica.
A “mulher-macho” Gina, ainda furiosa com o beijo que Ferdinando (Johnny Massaro) roubou dela, afirma que jamais votará no filho do Coronel Epa (Osmar Prado) para prefeito. Pura balela, a moça está apaixonada, mas não quer dar o braço a torcer. Desesperado, Epaminondas ameaça deserdar o filho, caso ele comece a namorar Gina.
Serelepe (Tomás Sampaio) resolve que não precisa ir mais à escola porque já sabe ler e escrever e já está se achando suficientemente esclarecido.
Tudo leva a crer que Ferdinando vai mesmo ser o candidato da oposição, mas antes de tomar a decisão ele quer conversar com o atual prefeito das Antas nesta reunião levará consigo a sua amada.