Prestes a completar 81 anos de idade, o ator brilha em “Boogie Oogie”, interpretando o ranzinza Vicente
Francisco Cuoco exibe fôlego invejável. O ator nem pensa em se aposentar, ao contrário, com toda competência e alegria ele interpreta o Vicente, na novela “Boogie Oogie”. Nos próximos capítulos, Vicente será o responsável por uma reviravolta no folhetim quando ele contar para Sandra (Ísis Valverde) a história da troca de bebês, na qual sua neta Inês (Deborah Secco) está indiretamente envolvida, na medida em que a aeromoça sabe de todos os detalhes da trama, através da própria autora, a sua amiga Susana (Alessandra Negrini).
Apesar de aparentar fragilidade, Vicente é um homem forte e decidido, difícil de ser convencido do contrário quando coloca uma ideia na cabeça. Apesar de estar doente, o personagem deverá ficar até o final da história e no decorrer do enredo engatará um divertido romance com Madalena (Betty Faria). Através destes dois personagens, o autor Rui Vilhena pretende levantar uma bandeira contra o preconceito quanto ao romance na terceira idade. Vale lembrar que em “Boogie Oogie”, Francisco Cuoco e Betty Faria estão tendo a oportunidade de relembrar a parceria nas novelas “Pecado Capital” e “Duas Vidas”, ambas da década de 1970.
Francisco Cuoco nasceu em 1933, na cidade de São Paulo e viveu grande parte de sua vida no bairro do Brás; começou sua carreira artística nos palcos, em 1955. Estreou no cinema com filme “Grande Sertões Veredas”, em 1960. Em seu currículo contam-se vinte e seis peças de teatros e mais de cinquenta produções, entre novelas e minisséries, sendo que mais de trinta delas foram na Globo.
Um dos últimos trabalhos do ator foi fazer o Olavo, em “Passione”, e ele deu um verdadeiro show ao lado de Irene Ravache, que era sua mulher na trama, a aspirante a socialite Clô Souza e Silva. Inesquecível o trabalho destes dois atores.
Francisco Cuoco sempre pensou em ser ator. Ele buscou aprender a arte, fez curso de Interpretação na Escola de Artes Dramáticas, em São Paulo e estreou na televisão na novela “Pouco Amor Não é Amor”, em 1963; as novelas e demais programas eram exibidos ao vivo. Lembrando aquela época, Francisco Cuoco gosta de contar suas histórias. “Quando fazíamos ao vivo, eu trabalhava com a companhia de Fernanda Montenegro e do Sérgio Britto que tinham um teatro de repertório de terça a domingo. E, de tarde, ensaiávamos a peça que iria substituir a da noite. Depois do espetáculo, preparávamos, por cinco dias, pelo menos, o teatro televisado que faríamos na segunda-feira, ao vivo. Havia tempo de decorar, marcação, discutíamos se estávamos lidando com Dostoievski, Nelson Rodrigues ou Becckett, mais complicado e abstrato. Ou alguma coisa de vanguarda. Tínhamos este tempo e essa tranquilidade”, revela.
Alguns dos personagens de maior destaque na carreira de Francisco Cuoco e que seus fãs lembram como se fosse hoje são: Cristiano Vilhena, de “Selva de Pedra”; Carlão, de “Pecado Capital” (primeira versão); Herculano Quintanilha, de “O Astro” (primeira versão); Tião Bento, de “Sétimo Céu”; Lucas Cantomaia, de “Eu Prometo”; o peão Higino, em “América”; e Pai Galdêncio, em “Da Cor do Pecado”.
Na Globo, na qual é contratado há mais de 30 anos, fazendo parte do primeiro escalão do casting da emissora, Francisco Cuoco também participou de grandes clássicos da televisão brasileira, tais como: “O Semideus”, “O Salvador da Pátria”, “Tropicaliente” e “A Próxima Vítima”.
Ele mesmo já afirmou que passou por várias emissoras, inclusive as que já encerraram suas transmissões, tais como TV Tupi e Excelsior.
Quando participou do “Dança dos Famosos”, quadro exibido no “Domingão do Faustão”, ele declarou que a descoberta da dança mudou a sua vida, favorecendo a sua capacidade de parceria, a disciplina e a postura.
Sem dúvida, Francisco Cuoco é um dos grandes profissionais da dramaturgia brasileira; sempre muito discreto. Já foi casado, mas não gosta de falar sobre assuntos pessoais.
Bonito é o respeito que o ator conquistou, tanto do público como da imprensa, sempre teve seu espaço preservado e certamente faz parte da história artística do Brasil.