Megera, maldosa, mal amada, maquiavélica, estes são alguns adjetivos que podem definir a personagem Cora, interpretada por Drica Moraes na novela “Império”. No fundo, Cora não passa de uma mulher profundamente infeliz que dedica a sua vida a provocar a infelicidade dos outros. Um dos seus alvos prediletos foi a sua própria irmã, Eliane, interpretada por Vanessa Giácomo e, posteriormente, pela atriz Malu Galli. Cora não se comoveu nem mesmo com a morte de Eliane, ao contrário, atormentou-a até os seus últimos momentos.
A “vítima” escolhida por Cora agora é a sobrinha Cristina, papel de Leandra Leal. De olho na boa vida que poderia ter, caso a sobrinha fosse reconhecida como filha do milionário José Alfredo (Alexandre Nero), Cora instiga a moça de modo cruel, chantageando-a com a precária e real situação da família. Tanto ela pressionou que Cristina contou a sua história para José Alfredo, mas o resultado disso será a poderosa intervenção de Maria Marta (Lília Cabral).
Nos próximos capítulos do folhetim, Maria Marta convence Cristina a escrever uma carta renunciando aos seus direitos de herdeira em troca de uma grande quantia em dinheiro. Cristina está certa de que assim ajudará a sua família e poderá ainda auxiliar os colegas do camelódromo a montar novamente as suas barracas comerciais.
É óbvio que Cora ficará furiosa com a sobrinha e não medirá esforços para reaver a carta que ela escreveu, a qual José Alfredo guardou em seu cofre particular. E falando no Comendador, ele ficou bastante “mexido” com as revelações de Cristina e percebe que Eliane continua viva em seu coração, mesmo ele afirmando para si mesmo e para os outros que o passado está morto e enterrado. Cristina é a lembrança viva do seu grande amor e, mesmo com o arranjo de Maria Marta que o livrou do assédio da moça, é certo que ele não a esquecerá e tampouco ficará alheio às dificuldades pelas quais ela passa. E para o telespectador que segue a história, fica a pergunta: será que Cristina é mesmo filha de Zé Alfredo?
Drica Moraes está tão convincente no papel de Cora que alguns fãs da trama comentam “dá ódio na gente assistir a Cora”. Se as maldades da personagem causam repugnância, por outro lado prendem a atenção por causa do talento da atriz. Inesquecíveis as cenas nas quais ela entra secretamente nas instalações da Império Joias.
Nascida Adriana Moraes Rego Reis, em julho de 1969, no Rio de Janeiro, Drica Moraes começou a carreira artística no teatro do Colégio Andrews, no Rio de Janeiro. Aos 13 anos, aluna do Tablado, teve suas primeiras experiências no palco, participando de montagens infantis tais como “Os Doze Trabalhos de Hércules”, cujo roteiro foi adaptado do original escrito por Monteiro Lobato.
A estreia como atriz profissional na televisão não foi tão expressiva. Drica participou do episódio “O Sequestro de Lauro Corona”, da série “Teletema”. O papel era pequeno, mas o olho clínico do diretor Roberto Talma enxergou o enorme potencial da atriz e a convidou para fazer a novela “Top Model”, na qual interpretou a empregada Cida. Mas também teve a estreia profissional no teatro, em 1989, com a peça “O Segredo de Cocachim”, que lhe rendeu o Prêmio Coca Cola. Era só o início de uma carreira de sucessos.
Na mesma época, Drica atuou no cinema, no curta “Verdade”, e logo depois na produção americana “Manôushe”, de Luiz Begazo. Depois vieram os longas “As Meninas”, “Mandarim” e “Traição”. E no teatro, na peça “A Morta”, de Oswald de Andrade, e “Pianíssimo”, de Tim Rescala, o qual lhe rendeu mais um Prêmio Coca Cola e o Mambembe.
Drica Moraes chama a atenção devido a sua versatilidade em cena. Pode ser classificada como uma atriz completa, porque vai do drama à comédia num piscar de olhos, numa mesma cena.