Pesquisa do IBGE divulga dados em que elas comandam 87% das famílias sem cônjuge e com filhos
Marina e a mãe Rose, que criou a filha desde pequena sozinha
Isabela Jardinetti
Os dados de gênero divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as brasileiras estão se tornando chefes de família em mais domicílios do país. A análise engloba uma década e compara dados dos censos de 2000 e 2010. Esse seria um dos reflexos do aumento da escolarização delas, que passaram a adiar a maternidade para continuar os estudos.
De acordo com a pesquisa do IBGE, em 2000, as mulheres comandavam 24,9% dos 44,8 milhões de domicílios particulares. Em 2010, essa proporção cresceu para 38,7% dos 57,3 milhões de domicílios – um aumento de 13,7 pontos percentuais.
Ao analisar o tipo de composição familiar, as mulheres aparecem como chefes de 87,4% das famílias de pessoas sem cônjuge e com filhos. Essa proporção diminui consideravelmente quando a formação é casal com filho (22,7%) ou casal sem filho (23,8%).
Depoimentos
A jornalista Rose Buzzo, de 46 anos, é chefe de família e criou a filha Marina Buzzo Contro, de 22 anos, com o sustento do seu trabalho.
“Fácil não é, porque não escolhi, a vida me proporcionou isso. Mas sou muito abençoada, pois, apesar de todas as dificuldades que enfrentei, nunca nos faltou nada. Criei minha filha ensinando que o dinheiro não é tudo”, disse.
Rose ainda falou que o trabalho sempre a ajudou muito nessa jornada. “Sempre fui atrás dos meus objetivos e serviço nunca me faltou. Mas, acima de tudo, é uma luta a cada dia”.
Já a cerimonialista Claudia Pereira Batista de Oliveira é casada com João José de Oliveira, e sempre trabalhou para ajudar nas contas da casa. “Me sinto útil fazendo o certo, que é dividir as despesas. Também ensinei minha filha que hoje em dia é muito importante a colaboração em casa para ajudar o marido”, contou.
Trabalho
O estudo mostrou ainda que houve um crescimento maior da taxa de atividade entre as mulheres do que entre os homens no período. A taxa de atividade mostra a proporção da população em idade ativa (16 anos ou mais) que se encontra trabalhando ou procurando trabalho. “É um movimento que começou na década de 70, com as mulheres se inserindo mais no mercado de trabalho”, afirmou Barbara Cobo, gerente de indicadores sociais do IBGE e coordenadora da pesquisa.
No geral, a taxa se manteve estável: em torno de 64%. No entanto, enquanto a taxa de atividade dos homens caiu de 79,7% em 2000 para 75,7% em 2010, a das mulheres aumentou de 50,1% para 54,6%.