Ela lutou durante 34 anos de sua vida para que o filho saísse do mundo das drogas
Aline Ruiz
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Fé e esperança. São com essas palavras que a aposentada Aparecida Fuilioto Casari, 78 anos, começa descrevendo a sua luta para que o filho mais novo saísse das drogas. Dona Cida, como é conhecida, nasceu e foi criada em Sebastianópolis do Sul, cidade em que também se casou e teve os dois filhos, Marlene Casari Rodrigues, 58 anos, e Marco Antonio Casari, 46 anos. Após alguns anos, a família mudou-se para Votuporanga, onde permanece até os dias de hoje.
Já viúva, Dona Cida contou que o seu maior sonho era ter um casal de filhos. “Primeiro eu tive uma filha, a Marlene, o Marco veio apenas 13 anos depois. Eu sempre quis ter um filho, meu sonho era que ele estudasse para ser padre, sempre o levei para a igreja, já que sou muito religiosa, mas na medida em que ele foi crescendo, ele mudou o percurso de sua vida e entrou no mundo das drogas, ele tinha 13 anos; não percebi logo de cara, porque naquele tempo era tudo muito escondido, quando fiquei sabendo, já era tarde demais”, explicou.
Dona Cida revelou que lutou anos da sua vida para tentar salvar o filho e até comparou a sua história com a de Santa Mônica, mãe do Santo Agostinho. “Santa Mônica lutou 33 anos para que o filho mudasse os rumos de sua vida, ela sempre teve muita fé. E foi o que eu fiz durante todo esse tempo, lutei 34 anos, nunca perdi a esperança, nunca desisti do meu filho; muitas pessoas diziam para eu expulsar ele de casa, jamais que eu iria fazer isso, amor de mãe é incondicional, esse é o papel que nós temos que exercer, ficar ao lado deles seja como for, na alegria e também na tristeza; eu estava de mãos atadas, não havia nada que eu pudesse fazer, então eu rezava”, disse.
Durante esses anos, Marco passou por cinco internações, todas em diferentes cidades. “Mesmo que isso não o ajudasse, porque ele não queria ser ajudado, eu nunca deixei de visitar ele nos locais onde ele estava internado. A cada nova cidade que ele decidia ir para tentar mudar de vida, eu ajudava, auxiliava e visitava, sempre foi assim e eu sempre tinha a esperança e dizia: ‘dessa vez vai dar certo’”, comentou.
Dona Cida passou 34 anos de sua vida com esse pensamento, mas foi apenas no final de 2014 que tudo mudou. “Eu nunca vou esquecer esse dia, ele chegou até mim e disse que iria se internar, dessa vez foi no Novo Sinai, aqui perto, em Valentim Gentil, e eu novamente dei a maior força e rezei, só rezei. Hoje, eu sou a mãe mais feliz do mundo, porque o meu filho está limpo há exatamente um ano e quatro meses; hoje sim eu posso dizer que lutei e venci, assim como o meu filho fez, ele renasceu na minha vida”, disse Dona Cida muito emocionada ao relembrar de sua história.
Dona Cida ainda dá força para as mães que têm história semelhante à dela. “Essas mães nunca podem desistir, elas precisam persistir sempre e continuar depositando o amor de mãe para filho, independente da situação que ele esteja. Hoje ele vai à missa comigo, frequenta o grupo Narcóticos Anônimos, dá palestras de superação e isso me orgulha muito. Nunca é tarde para vencer na vida, nunca é tarde para ser feliz, hoje eu sou prova viva de que sim, tudo é possível”, finalizou.