Laurinda precisou enfrentar a separação com os filhos logo
cedo, mas isso nunca a impediu de exercer o papel materno
Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
Laurinda, 67 anos, nasceu em Cosmorama, cidade onde se casou com Manuel Ruiz e teve os dois filhos, Douglas Criado Ruiz e Waster Criado Ruiz. Após alguns anos mudou-se para Votuporanga e assim continua até os dias de hoje. Laurinda é aposentada como professora tanto pela rede estadual como pela particular, porém, por paixão, continua lecionando para crianças de 7 a 11 anos de idade, na Escola Dinâmica.
Para ela, ser mãe nunca foi uma tarefa fácil, porém sempre teve como exemplo os cuidados de sua saudosa mãe. “Foi ela quem sempre me ajudou em tudo, quem sempre trabalhou fora de casa para que eu pudesse estudar, me formar e ter uma profissão; é por isso que eu também sempre fiz de tudo pelos meus filhos, sempre incentivei, auxiliei e dei forças para que os sonhos deles se realizassem, mesmo que isso significasse tê-los longe de mim”, contou Laurinda.
Os irmãos Douglas e Waster têm uma diferença na idade de três anos e ambos foram embora de Votuporanga assim que terminaram o terceiro colegial. “O Douglas, que é o mais velho, foi para São Carlos estudar Engenharia Mecânica na FEI, já o Waster foi para São Paulo estudar Engenharia Mecatrônica na USP; sempre foi o sonho deles e eu sempre deixei claro que se eles fossem, não poderiam voltar para Votuporanga ou para qualquer outra cidade do interior, já que emprego para eles deveriam ser em grandes cidades; nunca foi fácil, mas sempre me fiz de forte para que eles fossem fortes também, esse é o papel de uma mãe”, disse.
Laurinda contou que durante todo o tempo de faculdade dos filhos ela ia uma vez por mês para São Carlos e, em seguida, para São Paulo. “Eles não tinham tempo de fazer nada em casa, por causa dos estudos. Então eu ia uma vez por mês, isso em um fim de semana, lavava as roupas, passava, guardava, levava comidas prontas para eles, enfim, foi assim durante todo o tempo de faculdade; a gente sempre se falava pelo telefone, eu nunca demonstrei tristeza para eles, sempre demonstrei força, mas quando eu desligava o telefone eu chorava muito; o que me dá e sempre deu forças para enfrentar a distância foi o trabalho, por isso que não pretendo parar tão cedo”, revelou.
Quilômetros em milhas
Recentemente Laurinda teve que começar a enfrentar outro tipo de distância. O filho mais velho, o Douglas, que hoje tem 44 anos, trabalha há cerca de 20 anos na empresa GM, de São Caetano. Em agosto do ano passado ele foi promovido e transferido para a sede da GM, em Detroit, nos Estados Unidos. “Ele me contou com uma felicidade tão grande, que eu não consegui demonstrar tristeza e desespero, sempre foi o grande sonho dele, ele já tinha viajado pela empresa para vários países, e em uma dessas viagens surgiu essa oportunidade de mudança. Eu dei o maior apoio, o pai dele ficou bem abalado, mas eu precisava ser a força, se não ele iria desistir, mãe é para essas coisas”, falou.
A partir de então, contou Laurinda, as tecnologias começaram a fazer parte de sua vida. “Eu sempre usei o computador, mas celular nunca tive paciência; hoje já é diferente, mexo em Facebook, WhatsApp, tudo para poder ficar mais pertinho dele e da minha neta, que já tem 14 anos. Eu sei que ele, a esposa e a minha neta estão tendo uma vida muito feliz, claro que passam dificuldades, mas faz parte da vida; mesmo a milhas de distância estarei exercendo o meu papel de mãe e ajudando no que for preciso”, disse Laurinda, muito emocionada.
Já Waster,que tem 41 anos, hoje mora em Santo André, é casado, tem uma filha de dois anos e trabalha há 18 anos na empresa Mercedez Bens. “Ele está mais pertinho de nós, mas ele já disse que se a empresa o chamar para trabalhar na sede, que fica na Alemanha, ele vai, aí vai começar tudo de novo, né? Mas esse é apenas uns dos desafios de ser mãe, ninguém disse que seria fácil, acho que temos que estar prontas para tudo, conversar sempre e manter o equilíbrio, porque ser mãe não é dar tudo que o filho quer, é ensinar que se eu puder dar eu vou dar, se eu não puder, não vou dar”, finalizou.