Santo Amaro fica na Bahia. É a cidade de Dona Canô, Caetano Velloso e Maria Bethânia. E, por isto, lhe seremos eternamente gratos.
Mas o que Santo Amaro tem a ver com Lava Jato? Nada, aparentemente. E aparentemente tudo.
Santo Amaro, como o Brasil, e sete outros municípios baianos foram, e têm sido, vítimas de fraudes e corrupções nas licitações. Estima-se que pelo menos vinte milhões de reais tenham sido desviados segundo o jornal A Tarde, de Salvador.
Nos últimos tempos, uniram-se Ministério Público estadual, Judiciário, Polícia Federal e Polícia civil e desencadearam duas operações. A primeira a Operação Adsumus e em seguida a Operação Burla.
Na primeira, cinco pessoas foram presas preventivamente e nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Na segunda, três mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão.
O que tudo isto quer dizer?
Pelo menos três observações são pertinentes. Primeiro, que as fraudes reveladas por Lava Jato são indicadores do que ocorre nas relações entre governos e empresas em muitos brasis.
Segundo, o tema da corrupção provavelmente vai ser municipalizado nestas eleições agora de outubro. Deve influenciar os eleitores, que serão capazes de ver a reprodução destes esquemas em suas cidades também.
Terceiro, o modelo de atuação Lava Jato, que une Ministério Público, Policias, CGU, Tribunais de Contas, e Judiciário, é replicável em todo o país. Com apoio da liberdade de imprensa e conscientização da opinião pública. O mesmo tipo de atuação.
Ou seja, Lava Jato pode acabar e deve em algum dia. Mas um novo modelo de combate à corrupção tipo Curitiba deve permanecer. É replicável. A favor da concorrência transparente entre empresas fornecedoras e prestadoras de serviços ao governo e da responsabilização de políticos, empresários e funcionários. A favor da moralidade da administração pública e da concorrência leal.