Como na velha piada, “se hay gobierno, soy contra”. A imprensa já está cumprindo o seu papel de pressionar o governo Temer. Nada de novo. Tem gente nas redações que acha que para a ex-presidente Dilma Rousseff caber no caixão do crime de responsabilidade foi preciso quebrar seu pescoço e serrar os pés! A solução do impeachment não foi a que gostariam.
Daí existir certa tendência de valorizar as manifestações contra o impeachment como se fossem uma expressão de cidadania. Como sempre, fato e factoide no cotidiano brasileiro brigam uma luta de gato e rato.
Existem, porém, outros aspectos que interferem no cenário inicial da administração Temer. Por exemplo, a comunicação do governo não é boa. Em pouco mais de cem dias, o presidente fez muita coisa. Só que não tem uma estratégia de comunicação à altura dos desafios postos.
Falta direção e estratégia para lidar com a narrativa da nova oposição. A favor do governo existe o fato de que trabalha com instrumentos que eram de Dilma. Mas isso terá que mudar em breve de forma dramática. Comunicar é tão importante quanto governar. O governo Temer terá que se dar conta disso.
Era natural que os incomodados, aqueles que perdem as posições, sinecuras e as mamatas, fossem para as ruas reclamar. Afinal, perderam verbas e empregos. Além de terem perdido a narrativa com o fracasso ético e fiscal do projeto do PT.
De forma mais do que óbvia, vão misturar interesses corporativos com resistência política. Será um jogo de paciência. Mas o governo deve reagir e mostrar por que reclamam. E aí voltamos à necessidade de se ter estratégia de comunicação.
Mesmo sem morrer de amores pelo novo governo, a imensa maioria da população quer que o Brasil vá para a frente. Assim, existe um crédito de confiança dado a Temer. Cabe ao governo responder com iniciativas objetivas que melhorem o ambiente econômico. Inclusive criando uma agenda que sature o cenário com notícias de um governo em ação. Enfim, governar é agir e comunicar.