Pe. Gilmar Antonio Fernandes Margotto
O mistério do Natal não nos oferece somente um modelo para imitar a humildade e pobreza do Senhor que está deitado na manjedoura, mas nos dá a graça de sermos semelhantes a ele. A manifestação do Senhor conduz o homem à participação da vida divina. Assim, a verdadeira espiritualidade do Natal não consiste na imitação de Cristo “do lado de fora”, mas “viver em Cristo que está em nós” e manifestá-lo com a vida no seu mistério de amor.
São Leão Magno convida os cristãos a tomar consciência de tanta dignidade: “Toma consciência, ó cristãos, da tua dignidade, e já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te de que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus”. Portanto, o fruto espiritual do Natal consiste no empenho de viver a graça da redenção e da regeneração, de conservar interiormente o Espírito Santo que nos faz filhos de Deus. A graça do Natal exige também uma vida de comunhão fraterna.
O empenho pastoral para fazer com que as nossas comunidades celebrem um Natal autêntico é difícil. O atual contexto sociocultural, com seus apelos para um “natal mágico”, consumista e turístico, aproveita uma forte tradição religiosa para transformar a festa cristã em festa pagã. Uma visão devocional e sentimental dos episódios da natividade do Senhor (presépio, missa do galo) corre o risco de esvaziar, na mente dos fiéis, o significado salvífico do evento da encarnação.
As iniciativas natalinas (presépio, árvore de Natal, caridade para com os pobres, etc.) devem ser inspiradas por uma forte carga evangelizadora por parte da comunidade fiel. A celebração do Natal será pensada de modo a colocar-se como um grande sinal para todos; indiferentes, não praticantes, não crentes. O Natal tem ainda uma grande força de apelo a todos, e esta ocasião não pode ser deixada de lado, a fim de que o homem, a família e a sociedade vejam a luz da mensagem do Evangelho.
A natividade do Senhor é a grande festa do homem porque é a festa de Deus que se faz homem. A celebração do Natal não pode ser desperdiçada em recordações sentimentais ou discursos polêmicos, mas valorizada como dom de amor, de verdade e de esperança para todos os homens do nosso tempo. Podemos nos conscientizar de que, além, das festas, comilanças, presentes e desperdícios, o maior de todos os presentes é a chegada do próprio Jesus. Sem dúvida, Deus Pai está nos proporcionando uma nova oportunidade de reconhecer que Ele continua acreditando na sua criação.
Que neste Natal reavivemos a fé simples, mas profunda, que recebemos de nossos pais. Que seja a festa da alegria por um Deus que se propõe e nos convida à salvação, que bate à nossa porta para se oferecer como maior presente e o maior de todos os dons para nós. Em cada criança que nasce, Deus renova a esperança na humanidade! Que nós renovemos a nossa no Menino Jesus criança, esperança e alegria para toda humanidade.