Terremotos, maremotos, furacões.
Tempestades tropicais - e outras nem tanto.
Deslizamentos de terras, encostas inteiras.
Prédios, construções inteiras vindo a baixo - fundações mal feitas, negligência, imperícia.
Imperícia.
Mortes, danos, prejuízos, derivados da má análise, da má execução do trabalho - qualquer trabalho.
Acidentes, inúmeros, de toda sorte, derivados do cansaço extremo, esgotamento.
Imprudência.
No terceiro mundo, associam-se à fúria da natureza, tão afrontada, a incrível inaptidão técnica que se vê dia a dia retratada no noticiário.
Uma mistura explosiva.
Mesmo.
Até bueiros explodem no terceiro mundo.
Bem ao lado nos enormes buracos que aparecem no asfalto, feito sem observar nem 30% das prescrições técnicas.
30%? Você disse 30%?
É.
Os famosos 30% estão por toda parte no mundo terceiro das bananas.
No terceiro mundo, associam-se à fúria da natureza, à incrível inaptidão técnica, a corrupção endêmica.
Nada, absolutamente nada, se cria nas terras das bananas, sem que se desvie dinheiro público.
À fúria da natureza, à incrível inaptidão técnica, à corrupção, tem-se, jungido, ou como palco, um sistema capitalista de Estado pilantra.
Uma pilantragem estatal. Institucionalizada.
Que tira da classe média para dar aos pobres. E aos ricos, também, e principalmente.
Um Robin Hood esquizofrênico.
Que de bobo não tem nada.
E é esta realidade aterradora - que se finge ignorar nos trópicos -, a responsável pela ansiedade crônica, incutida, neste início de século XXI, em todas as mentes e corações bananeiros.
Porque, em verdade, nada do que na realidade se passa, passa por nós sem impregnar-se.
Não há como viver uma vida apartada do meio que nos circunda.
Tudo o que se passa, de uma forma ou de outra, é por nós apreendido.
E o que não se tem, portanto, netse pântano lamacento, é segurança.
Alguma.
Vive-se na berlinda.
E o desassossego vem da tomada de consciência deste estado corda bamba de coisas.
De que não se tem como fugir.
Porque o único refúgio é o abraço do outro.
Que todos aprendemos a ignorar na ânsia do salve-se quem puder.
Sem nos darmos conta de que não há salvação sem a inclusão do outro.
Do abraço do outro.