W. A. Cuin
– “O homem tem o direito de dispor da própria vida?
Não, só Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.
– O suicídio não é sempre voluntário?
O louco que se mata não sabe o que faz”. (Perguntas 944 e 944a de “O livro dos Espíritos” – Allan Kardec)
Podemos afirmar categoricamente que a morte não existe. Morre o corpo, a matéria, o envoltório físico, jamais o espírito. Assim, mesmo cometendo suicídio, aniquilando nossa vida orgânica, continuamos a viver.
Essa realidade é, sem sombra de dúvida, mais uma decepção e um engano para a criatura que tenta fugir dos seus problemas. Pelas portas enganosas e equivocadas do suicídio, acredita o ser humano estar dando fim aos seus dramas, mas em verdade está criando mais um, de graves e imprevisíveis proporções.
Em qualquer circunstância, ante os maiores obstáculos da nossa vida, matar o corpo é uma hipótese que jamais deve ser ventilada, mesmo por brincadeira ou invigilância, pois existe uma infinidade de Espíritos, também em quadros atormentados, atuando em sintonia conosco, para que prossigamos com a absurda ideia de morrer.
Quem acredita que acabando com o corpo através do suicídio, tem seus sofrimentos findados, não imagina, nem de longe, o verdadeiro sofrimento que está criando para si mesmo.
Se, de alguma forma nos sentirmos feridos, desiludidos, decepcionados, infelizes ante os acontecimentos que nos cercam, antes de pensar em morrer, utilizemos a mesma força, mas de maneira inversa, e saiamos a eliminar o egoísmo fixado em nossos corações.
Procuremos matar a vaidade que agride a nossa personalidade a nos conduzir pelos caminhos do melindre, que tantos males tem causado aos homens.
Atuemos com determinação para matar a violência e a revolta que carregamos no íntimo, a nos ofertar oportunidades para os desequilíbrios e insatisfações.
Trabalhemos para matar a preguiça que anestesia as nossas forças e nos faz criaturas acomodadas e inertes, vivendo a teoria dos “braços cruzados e mentes vazias”.
Esforcemo-nos para matar a fofoca e a maledicência que tantos transtornos oferecem ao nosso convívio social.
Criemos coragem e matemos o desânimo que nos fere e maltrata, fazendo-nos homens apáticos e indiferentes para com as belezas da vida.
Então, ao invés de trabalharmos os nossos pensamentos visando criar formas de acabar com o nosso corpo, pois, mesmo mortos para o mundo, continuamos vivos para a eternidade da vida, cuidemos de matar os nossos defeitos e em pouco tempo o desejo de morrer será substituído pela imensa vontade de viver, pois que a vida é uma dádiva de Deus, e sendo Ele o nosso Pai de eterna bondade, jamais iria nos brindar com alguma coisa que não nos fosse útil e nobre.
Morrer nunca, viver sempre.