Com cinquenta milhões de cidadãos vivendo na linha da pobreza, sobrevivendo com renda familiar inferior a R$ 400,00 mensais, a pátria amada consegue encontrar ânimo para, encerradas as festas do final do ano, emendar, já no dia 1 de janeiro, intenso carnaval.
Com 13 milhões de analfabetos, e sem que o país consiga reduzir este número há três anos, Rio de Janeiro, e agora São Paulo, também – quem diria! -, expõem toda a sua incontrolável alegria nas ruas, sambando sem cessar.
Ostentando a 4ª posição no ranking dos países mais corruptos do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil comemora em cada esquina, a breve chegada - falta um mês só, que é isso?!! - de seu portentoso carnaval.
E aí vai ser uma festa só – aí sim, uma semana inteirinha só de folia.
E haja cerveja. E churrasquinho de gato.
Com uma dívida pública em torno de 75% do PIB, e a beira da mais completa insolvência, o país ri-se da desgraça - dos outros, é claro, o problema é sempre dos outros - e contagia-se na dança, nas ruas, nas praias; escancarando ao mundo a sua inacreditável falta de compromisso.
Compromisso com o que quer que seja, que não a leve, livre e solta vida sem compromisso.
E como foi que chagamos aqui?
Com a mais completa e acabada negligência nas políticas educacionais.
É assim que se alheia uma geração inteira, um país inteiro.
É assim que se forma gente sem cultura e sem a menor intenção de adquiri-la, por suposto, quando não se sabe o valor que o conhecimento tem, não se dá valor ao conhecimento, alimentando-se um ciclo da mais plena mediocridade.
Vive-se hoje, na Banânina amada, o caos cultural previsível.
Na verdade, o caos cultural brilhantemente planejado, em décadas de descaso - sim, porque nada atende melhor à vida fácil de corruptos que a total ausência de compreensão de coisas dos que são lesados. Uma maravilha.
Gado. Que se maneja para lá e para cá - tanto faz.
E quanto mais folia, melhor.
É assim que se distrai uma geração inteira; um país inteiro.
Que vai voltar, depois, bem depois da quarta-feira de cinzas, ao trabalho mecânico - mesmo o trabalho intelectual -, sem horizontes a desbravar, a perquirir, ou suspeitar.
O mesmo tatibitati.
Sem superação qualquer à vista.
E é exatamente por esta razão que nenhuma fábula, por mais fabulosa que seja, tem audiência na Banânia.
Ninguém está nem aí para as formigas.