W. A. Cuin
“– Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
— Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.” (questão 642, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec).
Com freqüência, ante o acanhado estado evolutivo que apresentamos, vivendo neste mundo de expiações e provas, acreditamos que não fazer o mal já é o suficiente para a garantia de uma boa posição para o futuro. Mas, observando atentamente as lições contidas em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, podemos perceber nitidamente que isso somente não basta.
Informaram-nos os Espíritos benfeitores que atuaram sob a coordenação de o Espírito da Verdade, na obra citada, que será preciso mais, muito mais para que nos dias do porvir venhamos a desfrutar de uma situação de conforto e tranqüilidade espiritual, obviamente, meta de todos nós.
Além de evitarmos o mal será necessário fazer o bem, pois que tal postura pela lei de ação e reação e de causa e efeito, nos assegurará reflexos da mesma natureza. O bem que fazemos é força criadora que se juntará as forças idênticas que grassam pelo universo, retornando em nossa direção mais potente, trazendo consigo os benefícios naturais de que temos necessidade.
Mas isso ainda é pouco, uma vez que será preciso vivenciar o bem no limite das nossas forças, ou seja, fazer o máximo de bem possível, dentro das possibilidades e condições de que dispomos.
E ainda nos advertem os Benfeitores da Espiritualidade que seremos responsáveis pelo mal que decorrer do bem que deixarmos de fazer. Sem dúvida, uma observação de longo alcance, uma vez que nos remete a reflexões profundas sobre a nossa caminhada rumo à perfeição.
Portanto é sumamente importante não fazer o mal, indispensável fazer todo o bem possível, pois responderemos pelo mal que se originar do bem que deixarmos de fazer. Assim, com clareza podemos concluir que nossa caminhada pela vida tem uma importância muito mais abrangente do que supomos até agora.
Tomando ciência disso, por certo, nossa postura será outra, uma vez que se alargam os limites da nossa compreensão; evitar o mal, fazer o bem no limite das próprias forças e responder pelo mal que nascer do bem que deixamos de fazer.
Doravante imperioso será intensificarmos, com responsabilidade, as nossas ações visando ajudar a construir um mundo melhor, mais justo, fraterno e humano.
Obviamente que a nossa felicidade terá o tamanho da felicidade que promovermos aos nossos irmãos do caminho, conscientes disso “tomemos a nossa charrua, sem olhar para trás, para sermos dignos do reino de Deus” (Lucas, cap. IX, 62.)
Assim sendo valerá imensamente a movimentação de todos os nossos recursos e potencialidades para que todas as nossas ações, gestos e procedimentos tenham como meta o bem coletivo.
Em nosso caminho encontramos mãos suplicantes, estendidas, pedindo socorro, corações torturados em busca de alívio, lágrimas abundantes nascidas de olhos sofridos esperando por um lenço amigo, mentes confusas aguardando um roteiro de esperanças, braços desocupados implorando por trabalho, velhice abandonada à espera de afetividade, infância desorientada em busca de um norte e muito mais. Prestar socorro, aliviar a dor alheia, deve então, ser a nossa preocupação constante.
Esse vasto campo que se descortina ante os nossos olhares de observação se caracteriza como a lavoura a ser cultivada. Nela, convictamente, poderemos evitar o mal, fazer o bem no limite das nossas próprias forças, para que nenhum mal decorra do bem que não foi feito.
Reflitamos...