Após muitas reviravoltas que assolaram a política brasileira, da reeleição de Dilma Rousseff à abertura do impeachment, projeta hoje o cenário eleitoral em outubro de 2.018 em uma tarefa difícil de ser analisada, porém, uma previsão já é possível ser feita: o afastamento de Dilma Rousseff e ascensão de Michel Temer ao poder devem transformar as eleições do ano em curso no pleito presidencial de uma forma democrática e disputa com certa expectativa em torno dos candidatos.
No momento atual, ao menos seis políticos que tiveram papel relevante nas quatro últimas eleições presidenciais são pré-candidatos: Lula, Marina Silva, Aécio Neves, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e José Serra. Em uma pesquisa Datafolha divulgada no mês passado, que os incluiu no mesmo cenário, todos figuram com pelo menos 5% das intenções de voto. Junto a eles, mais dois pontuaram: o deputado Jair Bolsonaro e o juiz Sérgio Moro, mas não é só: outros nomes ainda poderão surgir.
Em Brasília, a avaliação é que o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, se eleito, chega ao poder com o objetivo de repetir Fernando Henrique Cardoso: recuperar a economia e se eleger presidente. Entretanto, isso dependerá, naturalmente, do êxito do governo e, caso isso ocorra, outro nome poderá entrar na disputa com todo o peso da máquina Federal, o próprio Michel Temer.
Nas últimas semanas, Temer disse que não pretende disputar a reeleição e sinaliza que apoiará a aprovação de uma emenda Constitucional que acaba com essa possibilidade, mas é difícil crer que um político com longa trajetória, que eventualmente caia na simpatia popular, abra mão da Presidência. Nesse cenário, abre-se a possibilidade de ocorrer uma reorganização partidária do país, após 22 anos de polarização Nacional entre PT e PSDB.
Líder das pesquisas eleitorais mais recentes, o ex-presidente Lula tem várias barreiras pela frente. A primeira, é a Lava-Jato e, para se confirmar candidato, Lula não poderia ser condenado em segunda instância e foi justamente o que ocorreu no último dia 24 de janeiro, o que se torna inelegível, mas seu desafio é no âmbito político.
Embora seja o único candidato forte do partido dentro do PT, já se admite a possibilidade de Lula não aparecer nas urnas de 2.018. Neste caso, um dos nomes é apontado como alternativa para disputar o Palácio do Planalto: Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, porém, um nome que, no momento, parece-nos que não desperta a atenção dos eleitores.
O desafio tucano, pelo que se tem conhecimento, é garantir a unidade e que ao menos os dois mais fortes presidenciáveis Aécio e Alckmin caminhem juntos no pleito. Hoje, Serra é visto como uma das opções na disputa interna e sua provável saída do PSDB não é descartada, caso seja convidado por outra grande legenda para entrar na disputa presidencial.
Nas últimas semanas, Alckmin voltou a defender a realização prévia partidária para 2.018. Historicamente, o tema cresce e toma dimensão no partido, mas nunca sai do papel a nível Nacional. Aliados próximos a Alckmin, no entanto, minimizam o risco de racha na legenda.
Política se entende como jogo de xadrez, mas um pouco mais complexo. Enquanto no tabuleiro são os jogadores que mexem as peças, na política as peças também se movem sozinhas. Aquele que demonstrar em 2.018 ter a maior capacidade de trazer perspectiva de poder será o escolhido, avalia o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), aliado a Alckmin.
Diante das incertezas que pairam sobre PT e PSDB, volta a crescer a avaliação de que um possa ter maior força para ganhar a eleição. No pleito de 2.014, pouco mais de um ano, após os protestos de 2.013, Marina Silva, que simbolizava a terceira colocação, terminou com 21,3%, encerrando a corrida com 19,3% das intenções de voto.
Resta aguardar o que será das eleições presidenciais de 2.018, porque muita água irá passar por baixo da ponte, além das surpresas de última hora.