Cada qual com seus sonhos, estamos sempre às voltas com nossos figurinos e cenários.
Acho que todos, buscamos representar bem.
Cada qual o seu papel; o papel, ou os papéis, que lhe cabem nesta vida.
As angústias, anseios, ansiedades, vêm dos papéis que nos são impostos; que não escolhemos, ou não abraçamos verdadeiramente com os nossos corações.
E paga-se um preço, que não é barato, por ousar-se viver a vida, ou dar vida ao personagem que se verdadeiramente é.
Mas o contentamento de se viver em essência, a sua essência - não há o que pague.
É quando se é verdadeiramente livre; quando você vai soltando amarras e desatando seus nós.
Sim, porque seus nós - todos eles - vêm das amarras que desde o útero lhe são impostas.
Uma quantidade absurda de nãos que se houve desde que passamos a poder ouvir.
E, claro, todos eles, todos esses nãos, ancestralmente pensados para manter seguro o já estabelecido: cada qual no seu papel, ancestralmente pensado.
Nunca, para proteger você ou ajudá-lo a desenvolver-se em plenitude: a sua essência.
Vive-se um mundo centrado no ser humano, mas o ser humano preestabelecido.
Daí a loucura do mundo: que por mais que dê voltas, nunca chega a lugar algum.
Sempre preso às mesmas atávicas questões.
Pudera.
Um mundo de mortos-vivos infelizes.
Aqui, de minha parte, resolvi que só me falta o colete de jornalista; já tenho um Jeep e uma máquina fotográfica.
Nada me faz mais feliz que viajar, conversar com as pessoas do mundo todo - todas as pessoas; fotografar momentos, escrever e contar aos outros a beleza que se pode construir.
Há muitas, inúmeras, incontáveis possibilidades fora da caverna.
Ao contentamento só se chega depois de muito caminhar.
Para dentro de si, especialmente.
Ir até o fundo e desvestir-se do que não te serve.
Os figurinos que usamos, que nos são impostos, são sempre incômodos.
De um jeito ou de outro.
E muito difíceis de tirar.
É um processo; longo.
Mas não há o que pague poder ficar nu, diante de si e poder verdadeiramente se enxergar.
Como uma criatura de Deus, que também é, em parte, Deus, porque recebeu o dom de também criar.
A segurança? A segurança vem da verdade com que se vive a vida que se quer viver.
E, aos empertigados de plantão, os nossos sinceros sorrisos e a nossa compreensão.