Alheia ao mundo - do conhecimento, do know-how, do bom senso, do bom gosto e do ridículo - a cena cultural brasileira se expande.
É um show. De horrores.
Músicas sem letra, sem ritmo, sem sentido - sem música.
Sucessos estrondosos.
Milhares de pessoas nas redes sociais compartilhando vídeos e vídeos com o clipe do momento - e é um momento atrás do outro -, e que, além de apelar para o grotesco, a baixeza explícita, nada mais fazem que não deprimir a classe média que trabalha, estudou, viajou, e vê agora o seu amado país relegado ao lixo. À exposição de sua miséria intelectual da maneira mais baixa possível.
O mais grotesco lixo cultural de que se tem notícia no ocidente.
Chegamos ao fundo do poço.
Sim, porque a identidade de um povo é a sua identidade cultural.
E está aclarada a dissensão: quem se esforçou e alcançou uma vida confortável graças a muita luta - de verdade -, graças ao seu mérito - próprio -, é acantonado, achacado, por uma certa mídia que, não contente em defender o indefensável - o apelo a ideologias mortas e enterradas pelo mundo civilizado -, bate-se pelo marketing da degradação cultural, da degradação intelectual da pátria amada.
Uma coisa é indissociável da outra: apenas populações inteiras de ignorantes-zumbis, alienados de toda ordem, é capaz de eleger ignorantes-zumbis-muito-espertos, que vão lhes sustentar - a custa dos que trabalham, naturalmente -, e garantir-lhes a vida boa, sem trabalho, sem estudo, e a mediocridade eterna.
E venda-se o lixo como o máximo do moderno, do hype!
Porque, claro, há quem compre: gente pobre, que não leu, não se aperfeiçoou, não passou do tatibitati e, exatamente por isso, não dá conta de consumir nada além do grotesco.
E como esse número de consumidores aumentou!
É um espanto.
A manobra de massas e massas de incautos para o lixo absoluto da subcultura, não foi, deveras, difícil: inculcar conversa para boi dormir, falácias, bobagens, em mentes impressionáveis é tarefa fácil, especialmente se os respectivos corpos estão famintos e se contentam, por exemplo, com embutidos - os mais baratos – e pão.
Pão e circo sempre acalentou a humanidade. Desde de priscas eras.
O problema aqui, na Banânia, é que o circo passou de todos os limites do horror.
Baixou-se até o chão.
Como não há mal que sempre dure, vejo no horizonte uma salutar mudança de rumos.
Vamos nos regenerar.
Porque, uma vez no fundo do poço, só podemos olhar para cima.
E, porque, como sabemos, o descalabro se extingue por si mesmo.