O rapaz fechou a cara e mostrou-se ofendido; mostrou-se vítima, na verdade.
O professor apenas lhe dissera que scanear o documento era muito simples, e isto, depois de ter reiteradamente explicado como fazer e diante da clara falta de habilidade - e vontade -, do aluno.
- Mas que monstro! Será que ele não percebeu que feriu os sentimentos do aprendiz?!
Gritam os delirantes do mimimi.
Gente besta que hoje povoa os quatro cantos da Terra e que sustentam que o aprendizado, que o ensino, deve se abster de qualquer crítica! Que todos devem ter a mesma avaliação; sejam competentes ou claramente preguiçosos!
É dizer, nunca, jamais, pode-se repreender crianças/ adolescentes em aprendizado, é preciso deixá-los explorar toda a sua capacidade sem cerceios. E sem orientação!
Claro, explicada está, toda a falta de limites que permeia as relações desses jovens.
Toda a violência de que se ressente esta mesma sociedade ridícula que aceita o ridículo de pretender ensinar, sem corrigir!
Sem mostrar a inevitável diferença entre os resultados - não entre as pessoas, mas entre os resultados que são capazes de alcançar.
Vitimizando-se, o rapaz transferiu ao professor não só a responsabilidade pela sua incompetência, como também a “culpa” por um ambiente de ensino ruim - “insuportável” - e ao qual ele não estará, justificadamente, obrigado a voltar.
E é assim, que de pequenino, não se vem torcendo o pepino no ocidente.
Uma geração inteira de mimados da pior espécie - sem educação e sem aptidão qualquer.
E sem a educação que vem de casa, do berço, porque ali também, o não me toques não me reles, é defendido com unhas e dentes por muitos pais, que acham infinitamente mais fácil contentar os filhos do que perder tempo em lhes ensinar as verdades da vida.
Muito fáceis de entender, aliás: sem esforço, não se alcança nada; tudo o que vem fácil, vai fácil - mesmo na Banânia -; deve-se respeito aos demais; os seus erros, o seu fracasso, resultam de culpa exclusivamente sua; você é o único responsável por si!
Verdades hialinas, que a vida não se cansa de esfregar na nossa cara, e que agora, são retiradas do ombros dos que nasceram dos anos 90 pra cá!
A culpa é sempre do outro, do Estado, da política, da desigualdade!
E temos uma formidável geração de folgados e insolentes.
Gente ignorante, despreparada, mas às raias dos píncaros da arrogância.
Este o resultado.
E o que se constrói com este tipo de mão de obra?
Nada. Não se constrói rigorosamente nada, quando o centro da vida e da sociedade passa a ser o próprio umbigo.
É tudo o que se tem são sociedades cada vez mais emprobecidas, especialmente em termos culturais, já que os gritos, cada vez mais estridentes, das “vítimas” de plantão ocupam todo o noticiário da cada vez mais significante parcela da mídia que também quer vida fácil.