José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo e docente da Uninove
No afã de alfabetizar e depois acelerar o ensino para que a mente infantil se preencha com informações consideradas essenciais, a escola nem sempre consegue enxergar o lado emotivo do aluno. Bem pouco adianta a “mente cheia”, se ela não estiver “bem-feita”. Ou seja: os dados hoje estão disponíveis e nunca foram tão acessíveis. Quem se dispuser a incursionar pelas redes sociais encontrará respostas para todas as dúvidas. Em segundos, uma torrente de conhecimento estará ao alcance do curioso.
Todavia, como ficam os sentimentos? Quem é que consegue perceber que o aluno está triste, irritado, raivoso, desalentado ou desesperado?
Trabalhar o lado emocional, além das habilidades cognitivas, é o grande desafio da escola contemporânea. Uma estratégia que se mostrou bem-sucedida numa unidade escolar é o uso dos “emoticons”, as expressões utilizadas na internet, para aferir o estado de ânimo do estudante ao início de cada aula. Eles são convidados a colocar a figura que melhor represente o seu estado de espírito no início de cada aula, num painel que é chamado “das emoções”.
Isso permite ao professor vocacionado servir-se de estratégias adequadas ao sentimento reinante naquele determinado dia. Dependendo da situação, abre-se espaço para debate, discussão, roda de conversa, palestra, exibição de filmes, teatralização e qualquer outra manifestação tendente a desanuviar o clima hostil de uma classe.
Com o passar do tempo, os próprios alunos sugerem as táticas mais adequadas ao trato das questões que trazem desconforto. É uma fórmula eficaz de amenizar a violência, de semear compreensão e tolerância, respeito à diversidade e tantas outras práticas que a transmissão estrita do conteúdo curricular nem sempre considera na rotina escolar.
Essa é uma das experiências levadas a efeito por aqueles educadores efetivamente preocupados com a urgência de se levar a educação a sério. E isso começa por aulas atraentes, que prendam o aluno e o façam sentir falta dos colegas, da escola e até do professor. Nenhuma outra está excluída, pois o que interessa é converter a educação, onipresente no discurso, numa prática efetiva, sem a qual o Brasil nunca chegará a ser a Nação de nossos sonhos.