Tudo, absolutamente tudo, tem limite. Até a corrupção.
Mesmo uma sociedade engolfada pelo mecanismo da corrupção e que se desnatura por completo, encontra seu limite na deterioração de seu próprio tecido.
A certa altura, o dinheiro não chega para todos; ou um, ou outro, é passado para trás na partilha do butim, e, aí, instaurado o desequilíbrio, precipita-se a queda.
O saque concertado ao Estado cria discípulos, fanáticos. Dinheiro fácil cria fanáticos em toda parte, e, de fanatismo em fanatismo, a exasperação do roubo e do cinismo leva ao impasse; e o impasse, à queda.
E é assim, que gente safada encontra o seu limite: na queda.
E mesmo uma sociedade notória pela reabilitação mágica de seus demônios caídos, encontra limite no cansaço da audiência. A monotonia, em si mesma, é um limite.
Cansa o tecido social, os mesmos, roubando sempre, da mesma forma, durante décadas a fio. Por melhor que seja a engrenagem instituída.
A sujeira tem limite. Enquanto é possível escondê-la sob o tapete, e mesmo pressentida, consegue-se habitar a casa.
O mau cheiro incomoda, entorpece e angustia, mas, ainda, assim, habitar é melhor que se encontrar ao relento; até o dia em que não se consegue mais respirar, em que o relento se torna a única opção à sobrevivência.
A sujeira leva à asfixia.
A sujeira em descontrole emperra qualquer mecanismo.
E, travada, a engrenagem encontra o seu limite.
Impérios encontram sua queda no descontrole, na corrupção.
A corrupção é o limite do desenvolvimento. É um limite em si.
Viver sob o jugo da desfaçatez, da safadeza institucionalizada, é viver em horizontes muito previamente definidos e intransponíveis; é viver no limite da mediocridade.
Mas a mediocridade também tem limite.
Mesmo no Brasil.
A ciência política apenas não descobriu, ainda, qual é.