Rogério Assis
** O Corinthians venceu no tempo normal, equilibrou as coisas, não foi favorecido pelo pênalti não confirmado pelo árbitro. Como no jogo do CAV, a arbitragem errou não por acertar, mas sim pela demora em decidir, e, como escrevi naquele dia, a demora pode tirar a credibilidade do acerto. Na minha opinião, não há interferência externa, mas o quarto árbitro Adriano Miranda errou demais ao não avisar logo Marcelo Ribeiro de Souza sobre sua visão, que era a correta.
** O Palmeiras jogou em casa, pelo empate, criou poucas chances, se preocupou o tempo inteiro em pressionar e tem o elenco mais qualificado do Brasil. Mesmo assim, perdeu o título para o humilde, mas competente Corinthians e que trabalhando com seriedade ganhou mais um título sob o comando do ótimo Fábio Carille.
** Agora que perdeu, o campeonato para Gagliotte é “Paulistinha”, mas antes era outro. O presidente do Palmeiras “jogou para a galera”, a mesma que ele ajuda a sustentar que depredou o prédio da FPF e danificou a estação Barra Funda do metrô. Em campo, as estrelas do seu time não jogaram nada e não existe cobrança nem em Alexandre Mattos, o responsável pelo futebol do clube e suas contratações.
** Rolou a bola para a quarta e última divisão com times de todas as regiões do Estado em campo. O destaque positivo foi para o excelente público do estádio “Zezinho Magalhães” em Jaú na derrota do XV para o Comercial de Ribeirão Preto. Mais de 1.500 torcedores enfrentaram a alta temperatura da manhã de domingo, viram seu time perder, mas mostraram que estavam com saudades de futebol numa cidade que viu seu time jogar várias vezes a Primeira Divisão. O “Galo da Comarca” é um dos tradicionais clubes do interior e de lá vieram vários jogadores que atuaram com a camisa da Votuporanguense.
** Me lembro de alguns nomes dos anos 80 como Felício, Edson Oliveira, Arone, Mário Celso que jogou ainda por Rio Preto e Tanabi, Sabará, um volante canhoto que tinha habilidade com a perna esquerda. Mas sem dúvida o mais emblemático de todos é Roberto Biônico que veio do América de Rio Preto em 86. Centroavante forte e artilheiro apesar da pouca mobilidade, ele foi descoberto por Cilinho no XV de Jaú e jogou em grandes clubes como Santos e Atlético Mineiro. Gostou tanto de Votuporanga que voltou em 89, mas não com o mesmo brilho de três anos antes.
** Em 86 me lembro que após um jogo treino com o América de Rio Preto no “Plínio Marin”, Biônico batia um papo no meio de campo com Orlando Fumaça e Jorge Lima, dupla de zagueiros do time adversário e seus velhos amigos. O treinador da AAV, Itamar Bellasalmas, me chamou aos gritos e disse “vai lá, chega com o gravador ligado e entrevista o Biônico, por favor, vai agora”. Eu até queria falar com Biônico, poderia esperar, mas atendi o pedido do treinador e confesso que quando cheguei, percebi que nenhum dos três gostou. Mais tarde, na saída dos vestiários, Itamar veio me agradecer e contou o motivo do pedido desesperado: “com toda certeza eles estavam programando alguma coisa para a noite em Rio Preto e eu preciso do Biônico porque a gente tem jogo daqui a dois dias; você estragou tudo, obrigado”.
** Ainda sobre a quarta e última divisão, um campeonato semiamador, o destaque negativo ficou para o Independente de Limeira que não inscreveu jogadores e perdeu por WO para o Itapirense. E da região, o Fefecê perdeu em Catanduva, mas tem a chance de se reabilitar em casa contra o América.