A inflação oficial do Brasil, através do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, ficou em 2,95% em 2.017, o menor nível desde 1.998 (1,65%). Em primeiro momento, pode parecer uma boa notícia, já que o índice caiu após anos de altas significativas (acima de 4,5% desde 2.009).
É claro que o governo comemora bastante feliz e faz disso perspectivas futuras de que a inflação continue a merecer a confiança do Poder Central e dos que acreditam nessa hipótese, mas que não vem ao encontro do desejo da maioria absoluta dos brasileiros, que ainda padece na vivência do dia a dia.
É certo que a inflação em baixa não é sinônimo de preços, muito ao contrário, o que se verifica é um verdadeiro abuso contra o bolso do consumidor, cujos valores de produtos de um modo geral vêm se comportando de uma forma pouco recomendada, sem que haja uma disciplina por parte do governo, porque não consegue deter as rédeas da oscilação de preços. Faltam pulso e atitudes enérgicas para combate às majorações atuantes neste sentido.
Para que esses produtos se tornem acessíveis, o Brasil precisaria adotar algumas medidas rápidas de deflação ou ganhos reais nos salários dos trabalhadores para recomposição do poder aquisitivo da população.
Entretanto, isso não vem acontecendo, razão pela qual quem ganha um salário mínimo iniciado em 2.018, sem conseguir compensar a alta nos preços do ano anterior, o reajuste que teve é abaixo da inflação de preços, acrescentando a esse aspecto que o salário de 954,00 foi menor que a inflação do ano passado.
Sintetizando esse cenário, observa-se que a queda do poder de compra e que vem assombrando os assalariados de uma forma geral, ainda continua no mesmo patamar, observa o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) Patrício Lino Costa.
Quem conseguiu manter dinheiro na poupança, a taxa da inflação foi favorável e, de acordo com o Banco Central, o rendimento nominal da aplicação no acumulado no ano passado foi de 6,8%, porém, o ganho real da poupança, descontada a inflação do período, ficou em 3,09%, conforme cálculos da Confederação Nacional do Comércio.
Se para os poupadores o desempenho da inflação foi favorável, parece que a realidade é outra, porque os ganhos auferidos líquidos não passaram e não passam de 0,3 a 0,4% ao mês, enquanto que a inflação superou consideralvelmente a renda neste tipo de aplicação. Assim, de ilusão em ilusão os brasileiros vão vivendo, sem perspectiva que lhes garanta melhor estabilidade, tanto no salário como no poder de compra.
As altas de preços continuam assustando, destacando-se em primeiro plano o botijão de gás, com elevação de 16% em 2.017, planos de saúde com aumento de 13,53%, além do consumo de energia elétrica com uma oscilação de 10,35%, sem contar com os abusos desenfreados da gasolina, que sofreram um incremento de 10,32%.
Para muitos, os itens que mais pesaram no orçamento no ano passado foram os gastos com combustíveis e gás. O pior é que a renda não acompanha as altas. Esses muitos, que são milhões, afirmam que a percepção da inflação depende do tipo de consumo e da renda da cada pessoa.
Analistam afirmam que a percepção da inflação está relacionada com o tipo de produtos e serviços que a pessoa consome, observa o coordenador do curso de economia do IBMC/MG, Márcio Salvato. Ele explica que o IPCA abrange famílias entre um e mais que 10 salários mínimos. Logo, a percepção entre essas famílias é diferente.
Esse, afinal, é o cenário em que se encontra o país, com esperança de que renasça uma política que seja benéfica a todos, estando neste contexto as famílias de baixa renda.