Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Como uma coluna que fala de finanças e investimentos, não poderíamos deixar passar o fato que estremeceu o mundo dos investimentos na semana passada: o caso das lojas Americanas. Queremos explicar o que aconteceu, quais são os riscos envolvidos e porque você deve ficar atento para não cair em manipulações exageradas, que se aproveitam da falta de conhecimento para vender produtos como consórcios, financiamentos, etc.
A Americanas S.A. foi fundada em 1929, em Niterói-RJ, e atua, principalmente, no segmento de varejo. Além do e-commerce, a companhia possui mais de 3800 estabelecimentos físicos pelo Brasil, com capital aberto na Bolsa de Valores brasileira: AMER3. E o que aconteceu, afinal? Na semana passada, veio à tona inconsistências contábeis que esconderam um rombo de R$20 bilhões. Após o escândalo, o CEO se demitiu, as ações da empresa tiveram queda de mais de 70% no preço e o mercado financeiro ficou alvoroçado. Obviamente, muitas pessoas se aproveitaram do ocorrido para reafirmar as crenças de que o mercado financeiro é cassino, deve ser evitado por pessoas “de bem” e é melhor manter distância. Mas qual a verdade diante de tudo isso?
Em primeiro lugar, essa crença de que investir na Bolsa de valores é como apostar em um cassino é uma ideia unilateral: sim, existem muitas pessoas que se utilizam da Bolsa de valores dessa forma, mas esse não é o único caminho – nem o que ensinamos por aqui. O mercado financeiro é um caminho para construção de segurança e liberdade financeira para qualquer pessoa, especialmente porque permite que pessoas comuns, com pouco dinheiro, se tornem sócias de grandes empresas, usufruindo dos seus lucros (os famosos dividendos) e multiplicando seu patrimônio. Para isso, o que você precisa é de conhecimento, que vai te ajudar a desenhar uma estratégia dequada ao seu perfil de risco, alinhada com seus objetivos, e vai criar caminhos para que você possa investir com uma boa gestão dos seus recursos, ficando menos exposto a problemas. Portanto, “se manter longe” ou entrar em um consórcio porque não quer correr riscos não faz o menor sentido – e consórcio nem é investimento.
O que manda na exposição que você terá nos ativos é sua diversificação: entre setores, entre empresas e entre ativos de renda fixa e variável. Muita gente acredita que, por não ter diretamente as ações da Americanas, não está exposto a perdas ou problemas. A verdade vai além: se você possui Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), por exemplo, você está emprestando dinheiro para bancos, e isso não é livre de riscos. O que a Amaricanas fazia, na prática, era usar os recursos bancários para pagar seus fornecedores, mas sem prestar contas de maneira correta nas demonstrações financeiras. Entre os maiores credores da empresa estão o Bradesco, o Itaú Unibanco, a banco Safra, o BTG Pactual e o Santander.
Sabe o que isso significa na prática? Se as Americanas não conseguirem pagar seus credores e realmente quebrar, você, que tem CDBs desses bancos, também está correndo riscos indiretamente. Não estamos falando isso para que você se desespere: estamos te mostrando que as empresas e os bancos não são isolados – eles fazem parte de um sistema. E vale lembrar que os bancos trabalham com o dinheiro dos seus clientes. Portanto, diante de um calote, seus credores (você) também aumentam seu risco de receber.
Por isso, investir não é apenas seguir dicas da internet ou escolher ativos sobre a influência da sua roda de amigos. Você precisa ter conhecimento para fazer boas escolhas, entender seu perfil de risco e alinhar sua estratégia de forma que, mesmo quando der errado – até porque vai dar em algum momento, a vida é imprevisível –, você não esteja exposto a ponto de ter grandes prejuízos.
Se as lojas Americanas vão quebrar, ainda não dá para saber: essa empresa tem um patrimônio bilionário e uma grande capacidade de captar mais dinheiro, tanto no mercado financeiro quanto de seus principais sócios marjoritários. Mas, fica aqui a lição: o contrário do medo de investir é aprender a fazer. Para isso, continue nos acompanhando nesta coluna semanal e nos siga nas redes sociais @gra_delgado. Tenha uma excelente semana!