Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Nosso último artigo tratou de um assunto bastante presente na vida das pessoas: os gastos por compensação. Quanto menos qualidade de vida e sentimento de satisfação uma pessoa tem, mais tende a gastar para compensar essa falta de “prazer” e sentimento de bem-estar. No artigo de hoje, queremos tratar de outro tipo de gasto que leva as pessoas a fazer loucuras e a se endividarem: os gastos por estímulos ou por desejos.
Neurocientificamente, todo gasto ocorre por estímulos. Aqui, entretanto, estamos falando de estímulos específicos, como promoções, publicidade, influência de amigos ou ídolos, modelos de riqueza e sucesso, etc. É aquela compra que você faz quando está zapeando algum aplicativo de compra e isso desperta seu desejo. É aquele gasto que ocorre quando você vê uma vitrine, ou quando seu influencer preferido indica algum produto.
Basicamente, são gastos desnecessários, que você não planejou e não precisava fazer, mas aconteceu no momento. Você sai para dar uma volta, se depara com uma vitrine que te chama a atenção, ou com uma promoção que parece muito imperdível e pronto: está feito! Também existe uma tendência de que esse tipo de gasto ocorra no cartão de crédito, para que você possa fazer parcelas pequenas, que parecem não afetar tanto a sua vida. São aquelas decisões de compra mais imediatas, do momento.
O primeiro passo para diminuir esse tipo de gasto é identificar quais são esses estímulos que te levam a tomar a decisão. Como já citamos alguns exemplos: promoções específicas, indicações de amigos, familiares ou influencers, aplicativos de compra, etc. Esses estímulos estão presentes no seu dia a dia, e a única forma de resistir a eles é diminuindo sua exposição. Uma vez identificados, você deve diminuir sua frequência na rotina. Sabe aquela história de “o que os olhos não veem, o coração não sente”? Pois é: neste caso, evite as tentações. Esteja menos exposto(a) a todos esses estímulos. Exclua esses aplicativos do seu celular. Não deixe seu cartão salvo nos aplicativos de compra.
Somos preguiçosos por natureza: use isso a seu favor. Quanto mais difícil for o caminho da compra, mais você tende a desistir dela. Se tiver que reinstalar o aplicativo para comprar algo, seu cérebro já vai entender isso como algo “difícil” e, provavelmente, vai desistir. Se tiver que digitar todos os números do cartão de crédito novamente, vai ser trabalhoso demais. Crie estratégias para tornar o acesso a esse tipo de compra difícil. Nas redes sociais, pare de seguir essas pessoas que só te influenciam a comprar.
E o mais importante: tenha muito cuidado com quais são seus modelos de sucesso e felicidade. Com a internet, uma quantidade absurda de influencers e pessoas famosas vendem um estilo de vida irreal: quem disse que, para ser feliz, seu café da manhã precisa ser no estilo de hotel todos os dias? Por que os modelos de felicidade tem a ver com ostentação? Por que as pessoas precisam de cada vez mais para viver? Será mesmo que você precisa de uma casa em que precisa se perder dentro? Será mesmo que precisa de um quarto inteiro como closet? Já parou para pensar no quanto esse modelo de sucesso te aprisiona? O quanto você trabalha a mais para tentar conquistar tudo isso? O que você está trocando para chegar nesse patamar? Se você não tivesse que impressionar ninguém, que provar seu sucesso, você consumiria da mesma forma? Faria as mesmas escolhas?
Este é um caminho perigoso: nosso cérebro se acostuma, se adapta facilmente – o que antes era o “carrão dos sonhos”, se torna apenas o carro pouco tempo depois. A “casa dos sonhos” vira apenas a casa que você mora. Se você não conseguir ajustar sua régua e ter prazer com o simples, ficará escravo de um estilo de vida para sempre. Todo o dinheiro que ganhar não será suficiente, por que sempre terá a próxima conquista. Isso, definitivamente, não fará bem para sua saúde mental e te colocará numa corrida infinita por dinheiro.
Quais são os estímulos e os modelos que te levam a comprar? Pense nisso, caro(a) leitor(a)! Tenha uma excelente semana.