Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Estamos batendo cada vez mais recordes de pessoas endividadas no país, um dado bastante preocupante sobre a saúde financeira das pessoas, que leva a outros problemas como saúde, conflitos familiares, divórcios, etc. Mas, por que as pessoas tem gastado cada vez mais? Para entender isso, nós dividimos os gastos em três tipos: por hábitos; por estímulos específicos e por compensação. Hoje, vamos falar desse último tipo: será que você pratica algum consumo por compensação?
O primeiro ponto para entender esse tipo de gasto está no funcionamento natural do nosso cérebro: temos um sistema inteiro de recompensas, que reforça ou não nossos comportamentos. E isso tudo é reforçado via neurotransmissores: os hormônios. Quando seu cérebro percebe que “falta” algo importante para ele, vai buscar caminhos para se satisfazer. Por exemplo: prazer. Quando uma pessoa não possui a sensação de prazer ou satisfação no seu dia a dia, existe uma tendência de buscar caminhos para isso: pode ser comer um alimento superpalatável (que, normalmente, é mais gorduroso e rico em açúcar), que dá aquela sensação de bem-estar; satisfazer algum desejo de consumo como comprar uma bolsa, uma roupa, etc. Grande parte da sua alimentação atual pode estar ligada à afeto, e não a nutrição do seu corpo, assim como suas compras.
E porque os gastos por compensação estão cada vez mais presentes nos hábitos das pessoas? Por muitos motivos, vamos elencar alguns deles. O primeiro é relacionado aos estímulos diários: vivemos uma sociedade cada vez mais rápida, em que os vídeos não podem ultrapassar 30 segundos e os prazeres precisam ser imediatos. As pessoas têm cada vez menos paciência para construir relacionamentos duradouros, investir em suas carreiras, planejar e realizar sonhos, guardar dinheiro, enriquecer, etc. Tudo é para ontem, tudo tem que ter atalhos. Nesse contexto, o consumo passa a ser uma fonte de prazer imediato, que pode ser feito por um clique em um aplicativo.
Um outro ponto que potencializa o consumo por compensação é o alto padrão: com essa mentalidade de acumulação de bens e da necessidade do status, as pessoas têm se afundado cada vez mais em trabalho, comprando tudo financiado e à prestação. O resultado disso é que elas ficam com cada vez menos opções de lazer e qualidade de vida, porque uma parte gigantesca da renda está sendo designada para manter o alto padrão. Na falta de qualidade de vida e lazer, o cérebro busca as compras como um caminho de satisfação – e isso até explica porque um dos maiores desafios atuais do orçamento mensal é o pedido de comida por aplicativo – além de gastar muito dinheiro com comida extra, as pessoas estão se alimentando cada vez pior.
E como perceber se você consome por compensação? Uma questionamento é bem certeiro: o que falta na sua vida hoje para que você se sinta realmente feliz? E nós não estamos falando de viagens para Dubai ou qualquer coisa do tipo: estamos falando de rotina. Ao pensar seriamente nessa pergunta, talvez você chegue a respostas que envolvem autocuidado, lazer, hobbies, mais tempo com sua família, mais leitura, etc. Será que os pequenos prazeres que deveriam ser presentes no dia a dia estão lá? Será que, na falta desses pequenos prazeres, você tem se afundado em cada vez mais prestações e pedidos no Ifood?
Esse é o caminho de diminuir seus gastos por compensação: saber exatamente o que te faz feliz na rotina e como trazer mais disso para o seu dia a dia. Gente feliz compra menos, justamente porque a compra deixa de ser uma fonte de prazer. Pense nisso! Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a)!