Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Se algum dia da sua vida você decidiu cuidar melhor do seu dinheiro, certamente ouviu alguma orientação sobre anotar suas despesas, acompanhar seus gastos, manter uma planilha ou um aplicativo que registra tudo, etc. Talvez até já tenha tentado fazer isso. Mas, no artigo desta semana queremos dizer uma verdade: ANOTAR NÃO É SUFICIENTE. Dados são apenas dados. É sobre isso que falaremos hoje.
Veja: anotar despesas não vai adiantar nada se a leitura desses números e essa prática não te ajudarem a tomar decisões melhores no dia a dia, de preferência, ANTES de comprar. O que realmente importa nessa prática é o que está escondido nos dados (e poucas pessoas olham): seus padrões comportamentais. Sim, somos seres humanos: temos racionalidade limitada, um cérebro que funciona 95% no automático, temos fome, estresse, sono; somos bombardeados por infinitos estímulos de compra diariamente; somos influenciados por pessoas, histórias, mitos, medos, crenças, etc. Tomar decisões é um processo caro energeticamente, por isso automatizamos tudo. É neste ponto que o levantamento de dados precisa te ajudar: ele é uma ferramenta de racionalidade.
O que há escondido em uma fatura de cartão? Seus padrões comportamentais. Faça o teste: imprima sua fatura e separe diferentes cores de caneta. Agora, destaque de uma única cor todas as compras desnecessárias que você fez. Destaque de outra cor aquelas que você nem se lembra. De uma terceira cor, destaque o que foi realmente útil e necessário (e não está esquecido em algum canto da casa). Sabe o que você terá diante dos olhos? Um mapa dos seus comportamentos de consumo. Agora, o que fará com isso? Se esses dados não servirem para repensar seus comportamentos, entender de onde eles vêm e refazer escolhas melhores no próximo mês, isso não vai servir para absolutamente nada. Você perdeu tempo na vida.
Do mesmo modo, ocorrem as despesas mensais: você imprime uma planilha para anotar ou instala um aplicativo, faz um grupo consigo mesmo no Whats App e começa a lançar tudo o que você gasta por um período de tempo. Qual o problema disso? O que vem depois: você apenas olha no retrovisor, mas não questiona e não utiliza esses dados como ponto de partida para escolher melhor, rever comportamentos, criar estratégias para o mês que virá. Tudo isso se torna um amontoado de dados inúteis, que não te ajudam a cuidar melhor do seu dinheiro.
Anotar dados só faz sentido se você for analisá-los para moldar seus comportamentos: diminuir os gastos por hábitos, entender quais despesas ocorrem por compensação de frustrações, mapear quais estímulos te fazem consumir de forma desnecessária, etc. Isso tudo precisa ser uma ferramenta de racionalidade de decisões: este é o verdadeiro sentido de acompanhar seus gastos.
Dinheiro é emocional: nossa forma de gastar, poupar, investir tem a ver com nossa história, cicatrizes emocionais, crenças, experiências, vieses, hábitos, gatilhos...se você olhar para seu dinheiro como algo calculado, matemático e lógico, dificilmente vai conseguir utilizá-lo como ferramenta de realizações. Dinheiro é sobre pessoas. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).
*Graziele Bombonato Delgado Valereto é formada em Licenciatura em Matemática pela USP, Mestre em utilização de tecnologia no ensino de matemática pela UEM-Maringá, formada no curso de Inteligência Financeira - Gustavo Cerbasi, aluna do curso de pósgraduação em Finanças, investimentos e banking na PUCRS, sócio-proprietária e Professora da Happy Money - Soluções Financeiras e colunista do Jornal A Cidade de Votuporanga