Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
Olá, querido(a) leitor(a)! Basta uma rápida olhadinha na internet e você verá: 11 em cada 10 pessoas vendendo soluções te dizem que enriquecer, não ter dívidas e ser próspero é só uma questão de querer o suficiente. Como você não alcança esse “querer”, se sente um(a) fracassado(a) e acaba comprando um curso, acreditando na solução mágica oferecida. Mas será mesmo que, em uma população onde 80% das pessoas estão endividadas, é tudo sobre “querer”? Vamos falar sobre isso!
O primeiro ponto é entender de onde vem essa ideia: se trata de uma herança das teorias econômicas tradicionais, que defendem que as escolhas humanas são racionais e baseadas em avaliação de custo benefício. É justamente aonde está o erro: o ser humano é falho e toma 95% das decisões influenciado por emoções, crenças, atalhos cerebrais e estímulos externos. Por isso, se você está endividado(a) ou não conseguiu enriquecer tanto assim, não se preocupe: não é porque você NÃO QUIS o suficiente – é só porque você é um ser humano real.
Seria muito bonito e a vida seria muito mais fácil se tivéssemos essa racionalidade toda, se todos os nossos problemas financeiros fossem resolvidos com algumas planilhas e alguns cálculos de rentabilidade. Infelizmente, não é o que acontece. Sua vida atual é resultado das escolhas que você fez durante toda sua vida: a questão é que “fazer escolhas” é um processo complexo e, na maioria das vezes, inconsciente.
Para começar, todos nós passamos a vida ancorados em regras sobre como funciona o dinheiro, e suas regras (também chamadas de crenças) são únicas e pessoais: dependem das experiências que você viveu, do que você viu e ouviu desde a infância, dos sentimentos que você vivenciou - já se sentiu constrangido? Humilhado? Qual o significado do dinheiro para você? Para muitas pessoas cujos pais se divorciaram por problemas financeiros, por exemplo, o significado do dinheiro tem a ver com brigas e solidão. Qual é a chance dessa pessoa buscar e “querer” essa prosperidade? Óbvio que, conscientemente, essa pessoa busca o dinheiro por saber o impacto disso em sua vida. Mas, inconscientemente, ela corre do dinheiro como o diabo corre da cruz – para quê ter algo que dizimou sua família? Mesmo ganhando muito, alguém com esse tipo de pensamento jamais vai conseguir construir riqueza.
Em relação às dívidas, é a mesma coisa: que tipo de “regras” você aprendeu sobre elas? Será que você ouviu que só era possível conquistar por meio do parcelamento? Ou acompanhou sua família fazer isso a vida toda e agora repete esse mesmo comportamento, apenas por hábito? Será que você aprendeu que o “certo” é financiar um imóvel ao invés de pagar aluguel? Quais gastos você faz por hábito e nem percebe que eles existem? Você compra por compensação? Quais estímulos você recebe diariamente? Como é o comportamento financeiro das pessoas com quem você mais convive? Eles também são endividados?
Sim: seus comportamentos financeiros atuais( que te levaram ou não a uma situação difícil) são um reflexo da sua história. Isso não tira sua responsabilidade sobre aprender a escolher melhor daqui para frente, mas em hipótese nenhuma pode significar que basta “querer muito” e uma mágica vai acontecer na sua cabeça. Se você passou os últimos 10, 20, 30 anos repetindo esses comportamentos, todo seu sistema neurológico está programado para se endividar e não controlar seu dinheiro. A solução existe, mas não tem segredos e não basta querer: você precisa moldar comportamentos. E isso leva tempo e esforço.
Assim como quando está seguindo um GPS, quando você percebe que erra o caminho, busca o primeiro retorno e corrige a rota, talvez você esteja descobrindo que “errou o rumo” da sua vida financeira. Agora está em suas mãos buscar o retorno ou continuar nessa estrada. Nos siga nas redes sociais para saber mais (@gra_delgado). Tenha uma excelente semana.