Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Começamos um assunto muito importante na semana passada, sobre o funcionamento básico da economia, e consideramos bem importante tocarmos em alguns outros pontos essenciais, explicando essa dinâmica em detalhes. Conhecimento é poder: nós sabemos que a maioria das pessoas têm a impressão que questões econômicas não afetam diretamente suas vidas, e é justamente o que queremos mostrar com esses artigos: você pode até ignorar o conhecimento sobre isso, mas não pode evitar os efeitos que isso tem sobre sua vida. Saber o básico de como as coisas funcionam te ajuda a tomar melhores decisões e a ser menos manipulado. Por isso, no artigo desta semana, vamos tocar em outro tópico que vive aparecendo na mídia (e que tantos países ainda tentam utilizar, apesar de já existirem resultados reais de que não funciona): a taxação de grandes fortunas.
Para que você entenda isso de uma vez por todas, da forma mais simples possível, vamos fazer uma analogia: imagine que você é um adolescente frequentando a escola e recebe a notícia de que haverá uma prova na próxima semana. Obviamente, em uma sala com 30 alunos, haverá comportamentos diferentes: alguns já vão começar a se preparar, estudar, fazer rascunhos, tirar dúvidas, etc.; outros vão dar aquela “olhadinha” na véspera da prova e outros sequer vão se importar. A prova acontece, e na semana seguinte o professor entrega os resultados: alguns tiraram notas máximas, outros ficaram na média e uma parte dos alunos foi mal, tirando nota vermelha. Buscando beneficiar a todos, o professor propõe uma ideia: e se todos ficassem com média da sala? Assim, todos seriam aprovados e ninguém ficaria para trás – “todos seriam beneficiados”. No mês seguinte, os alunos novamente recebem a notícia que haverá outra prova: porém, como da última vez as notas foram divididas e todos ficaram com a média, aqueles alunos que se esforçaram para estudar e tiraram nota máxima perderam a motivação para estudar novamente, porque correm o risco de perder sua nota. Desta vez, as notas máximas já não existiram e, ao fazer a média da sala, todo mundo ficou no negativo: reprovados!
Esta é a ideia central de taxar as grandes fortunas: no final, todos perdem. E isso ocorre porque é fisiológico: seres humanos têm, em seu cérebro, um sistema de recompensas todo formatado para se comportarem. A dopamina é um hormônio específico da motivação: é ela que nos coloca em movimento, que nos leva a estudar mais, trabalhar mais e, obviamente, ganhar a recompensa prevista deste comportamento. Pessoas empreenderem por uma série de fatores: entre eles, ganhar mais dinheiro. Para isso, corre-se uma centena de riscos todos os dias: tem uma série de burocracias para cumprir, uma tonelada de impostos para pagar, a responsabilidade sobre o sustento de outras pessoas, a dedicação de tempo e esforço para manter a empresa de pé, cuidar da experiência do cliente, isso sem falar do desafio de viver no imprevisível, sem saber quanto vai realmente ganhar a cada mês.
Inquestionavelmente, todas as pessoas mais afortunadas do planeta estão ligadas à empresas: as mais ricas são, inclusive, as que conseguiram criar produtos ou serviços que impactaram e facilitaram a vida de todos. O que acontece quando um país cobra mais impostos dessas pessoas? Elas mudam sua residência fiscal para um país que cobra menos. É o que aconteceu em TODAS as vezes em que se tentou esse tipo de política na história (os que tiram notas máximas estudam menos). E qual a consequência disso? Suas empresas são levadas com eles: mais desemprego, menos arrecadação de impostos mensal, menos “alunos dispostos a estudar mais”. Por mais que a intenção e o discurso sejam tentadores, a realidade é cruel: não só a arrecadação diminui, como deixa um rastro de destruição econômica pelo caminho.
Ricos possuem recursos e usufruem de estruturas jurídicas e econômicas para ter menos prejuízos com esse tipo de política: a maioria dos ricos que defende essa atitude possuem seus patrimônios em paraísos fiscais, já bastante protegidos caso algo assim realmente venha a acontecer. Para concluir o raciocínio, cabe citar uma frase de Ayn Rand: “você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade”. Um país com esse tipo de mentalidade se torna menos produtivo e, consequentemente, mais pobre: TODOS perdem. Quando falamos de economia, é necessário olhar as consequências para além das boas intenções. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).