Antes de iniciar este artigo propriamente dito, eu quero deixar o meu muito obrigado a todas àquelas pessoas que de uma forma ou de outra procuram dar uma palavra de incentivo e carinho, para com os artigos escritos aos domingos aqui no Diário da Região. Seja em forma de cartas publicadas na coluna aqui ao lado, em forma de e-mails, ou pessoalmente. É sempre muito gratificante poder falar das coisas vividas e sentidas lá na roça. E saber que existem pessoas que se emocionam com os relatos nos enche de emoção. Ainda outro dia, no interior de um supermercado uma senhora se aproximou de mim na fila do caixa e me disse ser uma freqüente leitora dos meus artigos, que por vezes se emociona com eles. Agradeci e perguntei-lhe qual a sua origem. Para surpresa minha, ela viveu quase que a vida toda na capital, mas que segundo ela, gostaria de ter vivido na roça, pois, da maneira como descrevo aqueles tempos, ela pensa que devia ser muito bom morar na roça.
Disse-lhe, que ao escrever, eu procuro seguindo a orientação da minha esposa Deborah, dar um pouco de poesia e encantamento nos textos. Procuro não falar das coisas tristes e difíceis vividas pelo homem da roça. Claro que tudo faz parte, como dizia aquele participante do Bigbrother. Já que estamos relembrando, vamos falar de coisas boas.
E por falar em relembrar, quem não se lembra das escolinhas rurais? Quantos alunos que saíram daquelas escolas são hoje empresários bem sucedidos? Ou simplesmente, pessoas que com as primeiras letras aprendidas lá no meio do mato, deram um rumo diferente em suas vidas.
As escolas mistas eram construídas nas fazendas de maior porte para servir os alunos moradores da colônia e para servir também as pequenas fazendas e sítios vizinhos que ali acorriam para os alunos aprenderem bê-á-bá.
Um quadro negro emoldurava as paredes encardidas da velha escola, as carteiras com os pés de ferro fundido com desenhos de flores e ramos, serviam de assento para o aluno da frente e, de mesa para o aluno que se sentava atrás.
Nas manhãs orvalhadas do sertão, quando os primeiros raios de sol, brilhavam radiosos pelas estradas sem fim. Lá vinham os alunos, pelos caminhos e carreadores dos imensos cafezais, para mais um dia de aula. Traziam nos seus “imbornás” pendurados nos ombros, lápis, caderno, borracha, um lanchinho e uma preciosidade: a cartilha Caminho Suave.
Ao me lembrar dela me encho de emoção. Foi ali que aprendi o “ma” de macaco e o “za” de zabumba.
E as professoras, como vinham? Quando moravam próximo das fazendas, elas vinham de charrete, jardineira ou automóvel. Muitas das escolas em que elas lecionavam eram distantes das suas casas na cidade, então, elas tinham que permanecer durante a semana instaladas na casa do administrador da fazenda ou quando não, na casa de um caboclo solidário. E claro, passavam a viver o dia-a-dia do campo e só retornavam para casa no final de semana. Na segunda-feira, começava tudo de novo.
O desenvolvimento das cidades e do nosso querido interior, muito se deve às escolinhas mistas das fazendas perdidas pelos sertões e às abnegadas professorinhas que não mediam esforços para cumprir com o seu sacerdócio: o ofício de ensinar.
Deixo aqui a minha homenagem a cada uma das professoras das escolinhas rurais, elas foram os esteios que mantiveram em pé a educação de nós caipiras.