Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia caro leitor! Esperamos que esteja bem. Hoje vamos falar de um tema muito importante: educação dos filhos para uma vida adulta responsável financeiramente. Você já conheceu jovens adultos, na casa dos seus 30 anos, que ainda moram com seus pais e são dependentes financeiramente? Porque hoje existem tantos jovens nessa situação?
Bom, acreditamos que uma das principais razões para que o jovem tenha autonomia e viva sua vida adulta de maneira responsável passa pela educação financeira. Os jovens nascidos nas décadas de 80 e 90 foram a primeira geração da história do Brasil a ter mais acesso graças à ascensão da classe média brasileira. Nossa economia começou a se estabilizar a partir do Plano Real, em 1994. A partir de então, o contexto econômico do país possibilitou que a classe média avançasse, e isso também significou mais “facilidades” financeiras.
Dessa época em diante, os adultos que tiveram filhos buscaram satisfazê-los e ajudá-los em tudo o que seria possível: possibilitaram o acesso a escolas, curso superior, curso de línguas estrangeiras, etc. No que tange a educação, isso foi muito bom para o país como um todo: mais acesso à educação pode significar mais oportunidades. Entretanto, esse pensamento dos adultos em “dar tudo o que eu não pude ter”, reflexo de uma infância sofrida e com necessidades básicas, pode ter desencadeado uma mentalidade de pouca responsabilidade desses jovens, que não se sentem capazes de assumir sua própria vida e ficam morando para sempre na casa dos pais.
Alguns fatores corroboram para esse tipo de comportamento: o primeiro é que, socialmente falando, existe uma pressão para que as pessoas sejam, até os 30 anos de idade, ricas e bem-sucedidas. Isso significa possuir um determinado carro, ter sua casa ou apartamento próprio (mesmo que seja financiado) e usar determinadas marcas. Se o jovem não consegue alcançar esse patamar até os 30: frustração e problemas emocionais são desencadeados.
Entretanto, um dos principais fatores que “condenam” esses jovens a serem eternamente dependentes é a falta de educação financeira. Primeiro, porque o jovem jamais conseguirá pagar o padrão de vida que ele tem na casa dos pais: casa, comida, roupa lavada, carro, acesso a cursos, roupas de marca. Na maioria das vezes, esse jovem não está disposto a viver uma vida mais simples para alcançar seus próprios objetivos. Em segundo lugar, na ânsia por querer ajudar os filhos e evitarem que ele passe as mesmas necessidades que os pais passaram, eles são privados de ter responsabilidades financeiras. Quando os pais escolhem dar um carro aos 18 anos, ao invés de motivar que o próprio filho poupe dinheiro para comprá-lo, quando os pais pagam grande parte da sonhada festa de casamento, quando os pais pagam a entrada do apartamento financiado, eles estão privando seus filhos de conquistar, de perceber o esforço envolvido na realização desses sonhos.
O resultado disso? Uma geração que não cresceu. Jovens adultos que se comportam como crianças: frágeis emocionalmente, que não aguentam as pressões de um trabalho que não os premia; frágeis financeiramente, porque não conseguem se organizar e, quando saem da casa dos pais, dependem de mesadas para sobreviver, porque não são capazes de lidar com o próprio dinheiro ou de simplificar seu padrão de vida.
Portanto, se você é pai/mãe, eduque para a autonomia: deixe seus filhos cometerem erros, assumirem as responsabilidades e consequências de escolhas erradas, entenderem o valor do dinheiro e que nada “cai do céu”. Não deixe que sua ânsia de satisfazer os desejos dos seus filhos os transformem em adultos infantis, que não conseguem assumir uma postura adulta diante da vida. Sabe aquele ditado: “o que vem fácil, vai fácil”? Pense nisso quando for dar presentes, dar um carro ou pagar o casamento. Deixe que eles saibam o valor e os sacrifícios envolvidos na realização de sonhos. Essa é a melhor coisa que você fará pelos seus filhos.
E se você é jovem e está nessa situação: liberte-se. Pare de ter medo da vida e achar que seus pais tem a obrigação de satisfazer seus desejos. Encare sua vida de forma adulta e responsável, corte gastos se necessário. Você sabe quanto você custa para seus pais todos os meses? Quanto teria que trabalhar para comprar as roupas, o celular e o carro que eles te deram? Viver com seus pais tem suas vantagens: é viver na zona de conforto. Uma pena que nada de interessante acontece nesse lugar. Quer crescer? Quer ser bem-sucedido? Assuma sua autonomia e as responsabilidades da sua própria vida (sem depender de mesada).