Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Mais uma super tecnologia tem sido testada no mundo do dinheiro: dos mesmos criadores do pagamento por aproximação, dos QR Codes, do Pix e carteiras digitais, vem aí o pagamento com a palma da mão. É isso mesmo que você entendeu: a Amazon criou um sensor que permite o pagamento apenas encostando a palma da sua mão, o que dispensa qualquer outro dispositivo como celular, cartão ou qualquer outra coisa. É claro que o desenvolvimento de novas tecnologias é algo desejável e interessante, mas será que esse tipo de tecnologia te ajuda ou te atrapalha? É o nosso papo da semana!
A primeira coisa que você precisa entender sobre o assunto é: quanto mais rápido e fácil for o processo de compra, mais irracional ele é. Ponto negativo para você: tudo o que envolve comprar com um clique, deixar os dados do cartão salvos ou aproximar o dispositivo, são atalhos que te levam a comprar cada vez mais impulsivamente. Compra primeiro, se arrepende depois. Não é à toa que 80% da população brasileira está endividada e a maior modalidade de dívida é o cartão de crédito. Além da cultura do parcelamento em que estamos inseridos, essa facilidade de comprar em poucos passos tem levado as pessoas a cometer verdadeiras loucuras.
Agora imagine que nem cartão ou celular serão necessários: em um futuro bem próximo, será possível realizar pagamentos com os dedos, face, palmas das mãos, com o olhar... e isso só torna o seu controle financeiro mais difícil. É mais um obstáculo comportamental para controlar suas finanças e conseguir guardar dinheiro para realizar seus sonhos – claro, já temos tão poucos, não é mesmo? Notificações no celular, promoções por SMS, publicidades de redes sociais, influencers, e-mails... e isso sem contar seus hábitos de compra, sua compensação de prazer, suas frustrações, seus modelos de riqueza... A cada respiro, um estímulo de compra diferente. A cada sinal de ansiedade, uma comprinha a mais para dar aquela aliviada...
Verdade seja dita: se você deseja ter controle do seu dinheiro e utilizá-lo como ferramenta de segurança e realizações, mantenha a distância dessas modalidades de pagamento. Não use pagamento por aproximação, não deixe seu cartão de crédito cadastrado e salvo em carteiras digitais, não facilite seu processo de pagamento. Use sua predisposição humana à preguiça ao seu favor: dificulte sua compra. Se a cada compra desnecessária você tiver que digitar todos aqueles dados do cartão, baixar o aplicativo e tudo isso for “dar trabalho”, ponto positivo para você: seu dinheiro estará mais seguro. A mensagem principal é: sua racionalidade é limitada e você toma cerca de 35 mil decisões diárias – é óbvio que várias delas estarão no automático e podem te prejudicar. Proteja-se de si mesmo(a).
Planilhas, autocontrole, disciplina e “força de vontade” só fazem sentido quando você respeita o que é humano, e aprende a tomar as decisões certas mais facilmente. Não é sobre não consumir: é sobre ser coerente com os sonhos que você quer realizar e a segurança que você quer ter. Faça um teste: avalie a fatura do seu cartão e seu extrato bancário – quantas dessas compras foram realmente necessárias? Quantas delas já são objetos nos cantos da casa? Quantas você nem se lembra mais? Cada compra dessa é um passo mais longe dos sonhos e da qualidade de vida que você deseja. Isso é domínio do seu dinheiro: é sobre seu funcionamento e suas escolhas – esse é o conhecimento fundamental da educação financeira. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).