Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Nesta semana queremos trazer uma reflexão importante: como você lida com o dinheiro? Por que você faz o que você faz? Sem dúvidas, um dos livros atuais mais importantes sobre o dinheiro é A psicologia financeira, de Morgan Housel. E o primeiro capítulo começa assim: “As pessoas fazem coisas malucas quando o assunto é dinheiro. Mas ninguém é maluco. A história é a seguinte: pessoas de gerações diferentes, criadas por pais diferentes que ganharam rendas diferentes e acreditavam em valores diferentes, vivendo em mercados de trabalho diferentes com incentivos diferentes e graus de sorte diferentes, aprendem lições bem diferentes”. Resumindo: cada ser humano é único e tem sua própria forma de lidar com seu dinheiro, baseado na sua história e suas experiências.
É por isso que um dos assuntos mais tratados em finanças hoje em dia são as tais das crenças, que nada mais são do que pontos de vista sobre como o dinheiro funciona, e essas regras estão no seu subconsciente, sendo criadas a partir do que você viu, ouviu e viveu desde que veio ao mundo. As crenças são um dos quatro pilares que vão influenciar todas as suas decisões (os outros são: informação, ambiente e atalhos mentais). Como o próprio autor diz no livro, “alguém que cresceu em meio à pobreza pensa sobre risco e recompensa de uma forma que o filho de um banqueiro abastado jamais conseguiria imaginar. Alguém que cresceu em meio à inflação alta vivenciou algo que a pessoa que passou a vida em uma época de preços estáveis nunca teve que experimentar”. E tudo isso para dizer que JAMAIS, em hipótese alguma, existe regra ou receita para cuidar bem do seu dinheiro, por que você tem crenças, expectativas e previsões diferentes de todos os outros seres humanos.
Obviamente, existem princípios básicos de gestão financeira que se mostraram “vencedores” no decorrer da história: gastar menos do que você ganha; ter reserva de emergência; investir seu dinheiro ao longo da vida; tomar cuidado com o cartão de crédito. Mas, perceba que saber desses princípios não é suficiente, porque sua intenção mora em um lugar bem distante da ação nesta sua cabecinha. Além disso, temos um funcionamento muito particular, enquanto seres humanos, que nos fez chegar até aqui como espécie: nosso cérebro só se preocupa com o presente. Ele não se importa com sua fatura do cartão de crédito daqui a 3 semanas, ou com seu plano de aposentadoria daqui 10 anos. Ele se preocupa com a recompensa do aqui e agora.
Isso tudo não significa que tudo esteja perdido: é possível, sim, cuidar bem do nosso dinheiro, mas isso passa bem longe do bom senso de ter planilhas e calcular até os centavos do que vai gastar. Dinheiro é sobre comportamentos humanos: você compra porque está entediado(a), porque isso já faz parte da sua rotina, porque confia nas indicações do influencer preferido, porque tem uma padaria do lado do seu trabalho, porque vai com fome no supermercado, porque aquele bem significa um distintivo social de pertencimento, para demonstrar poder e sucesso, para compensar prazer, para compensar presença e carinho, para fugir de frustrações, e essa lista poderia pegar essa página toda. Por isso os princípios sobre o dinheiro ou as ferramentas tradicionais não são suficientes.
O segredo em cuidar do seu dinheiro está em entender, minimamente, sobre seus comportamentos. É sobre saber como um ser humano funciona e porque você faz o que você faz. Enquanto sua única preocupação for preencher planilha de Excel, calcular rentabilidade e prever taxa de juros, esqueça: nunca vai dar certo. Por que cuidar do dinheiro dessa forma só funciona para algoritmos e robôs. E o problema é que cuidar bem do seu dinheiro como ser humano envolve um processo: não tem pílula, não tem receita e não é da noite para o dia. É nas pequenas decisões diárias; é no pouquinho que você consegue acertar. Um dia perguntaram a Warren Buffett por que as pessoas não copiavam seu método de investimentos, já que era algo simples. Ele respondeu: “porque ninguém quer enriquecer devagar”.
Portanto, querido(a) leitor(a), se você quer realmente ter prosperidade, pare agora mesmo de encontrar respostas prontas e metodologias milagrosas. Comece olhando para as pequenas vitórias diárias, comece entendendo a si mesmo. Não existe disciplina, autocontrole ou pó de prilimpimpim. Existe esforço, escolha diária e uma grande vontade de continuar em meio aos pequenos erros. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).