Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas e muitas dessas pessoas sequer sabem o que é não ter dívidas: passaram a vida renegociando prestações, postergando pagamentos e tentando, em vão, sair desta situação. Por isso, nesta newsletter queremos tratar de alguns pontos sobre as dívidas e dar um direcionamento para que você, caso esteja nesta situação, consiga enxergar possibilidades de sair dela.
O primeiro ponto que você precisa entender é que dívida é um sintoma: vocês fez escolhas que te trouxeram a ela, e seu verdadeiro motivo é sobre suas escolhas do dia a dia. Não se sinta mal ou envergonhado(a) por estar nesta situação, porque você, provavelmente, caiu em muitos gatilhos e atalhos mentais: fez um financiamento considerando apenas a visão mais otimista do contexto, não se preparou para imprevistos da vida, e assim por diante. A questão aqui é que você precisa focar no que te levou às dívidas: quais foram essas escolhas? Será que você acabou adotando um padrão de vida que está além da sua capacidade de pagamento? Quanto da sua receita está comprometida com parcelamentos e cartão de crédito? Quais são suas compras por hábito? Será que daria para ter um carro mais barato, com menos custos de manutenção? E quanto ao bairro que você mora? Algumas dessas escolhas, como o carro e o bairro em que você vai morar, acompanham uma cascata de outros gastos que ficam “invisíveis”. Questionar essas escolhas e reverter algumas dessas situações podem fazer toda a diferença para resolver a dívida de forma definitiva.
Agora, o que acontece quando você dá aquela “escorregadinha”, e não tem dinheiro suficiente para pagar a fatura do cartão? Existem dois caminhos mais comuns: o primeiro é pagar o valor mínimo da fatura e parcelar o restante - que é o que o banco quer que você faça. É assim que uma instituição financeira fica rica e você empobrece sem perceber. É exatamente assim que o ciclo do parcelamento começa e você se torna um eterno(a) pagador(a) de juros. O segundo caminho mais comum é a busca por um empréstimo pessoal que pague a fatura, e vida que segue. E ambas vão dar muito errado por um detalhe: em nenhuma delas você está resolvendo o que te levou para a dívida. Poucos meses depois, estará na mesma situação, mas com uma quantidade maior de parcelas para pagar. Chega um momento em que fica insustentável e, mesmo cortando muitos gastos da rotina, vai ficando cada vez mais difícil de sair desse ciclo.
O que você deveria fazer, então? O primeiro passo para pagar uma dívida não é negociar as parcelas ou buscar o pagamento, mas evitar que novas dívidas aconteçam. Vamos usar o mesmo exemplo anterior: não ter dinheiro suficiente para pagar a fatura do cartão. Neste caso, você deveria suspender o pagamento dessa fatura – esquecer que ela existe. Então, use o dinheiro do seu salário para guardar uma parte e viver o restante do mês, adequando as escolhas da rotina para que caibam no bolso. Depois de 2 ou 3 meses fazendo essa reserva, você busca a renegociação da dívida e quita de forma definitiva (é possível fazer isso utilizando plataformas como a Serasa ou direto com o banco).
O que está acontecendo aqui? Ao suspender o pagamento da fatura, você fica com dinheiro disponível para fazer um caixa e, ao mesmo tempo, comprar os itens necessários do mês sem precisar do cartão. Montar essa reserva te previne de novas dívidas, porque imprevistos continuarão acontecendo, mas agora você tem uma reserva para lidar com eles, evitando piorar a situação. Depois de um tempo fazendo essa reserva, você ganha margem para negociar de forma definitiva – aí sim, depois de organizar as escolhas do dia a dia e se blindar de novas dívidas, um empréstimo pessoal passa a fazer sentido. Por que, neste caso, apenas um empréstimo será suficiente para resolver, já que você possui reservas para continuar a vida e fez as adequações necessárias no dia a dia.
A questão é que este caminho não interessa muito aos bancos: eles acabam perdendo muito dos juros quando você tem esse tipo de atitude. Por isso, antes mesmo que você pense muito, eles já te mandam uma proposta de parcelamento da dívida, como se fosse o melhor negócio do mundo. Nós, seres humanos, temos aversão à perda: com medo de piorar a situação, você aceita a negociação na esperança de que vai resolver. Na prática, se torna um(a) eterno(a) pagador(a) de juros, emendando uma negociação na outra.
Em hipótese alguma queremos dizer, neste artigo, que resolver uma situação de dívida é algo simples: isso depende de mudança de hábitos e escolhas, o que é bem desafiador para nós, seres humanos. Mas isso não significa que não haja um caminho eficiente para sair dessa situação: é o que quisemos mostrar neste artigo. Como sempre dizemos por aqui: não é porque você não conhece um caminho, que ele não existe. Portanto, não desista de buscar soluções e caminhos para o que quer que seja que você esteja passando! Só fracassa quem desiste! Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).