Tenho grande admiração por famílias de desbravadores da nossa região. Segundo conta a história, por volta de 1810 a 1820 mais de 160 delas vieram para essas bandas. Foram homens e mulheres que aqui chegaram trazendo poucos pertences, mas com uma vontade incrível de vencer. As barreiras eram muitas, desde doenças, feras e a mata em si. Com muita luta, aqui permaneceram e venceram. Minha admiração se estende também aos fundadores dos lugarejos que, com o passar do tempo, se tornaram cidades. Outras não prosperaram e acabaram por desaparecer.
Os fundadores eram homens fortes, resolutos, determinados. Assim foi o nosso João Bernardino de Seixas Ribeiro, que aqui chegou com intenção de formar um povoado. Também é o caso de Joaquim da Costa Penha – capitão Neves –, que fundou Monte Azul Paulista em 1894, o que, por si só, já é um grande feito. Não contente, fundou São Pedro da Mata Uma – hoje Mirassol – e em 22 de maio de 1922 torna-se fundador de Canto Chão, que virou Vila Iboti, depois Vila Neves e, atualmente, minha doce e terna Neves Paulista.
Já que estou falando de fundadores, desejo falar de alguém que emprestou seu nome para uma cidade. Trata-se de Aspásia dos Santos Pagliarini, que nasceu em Valparaíso em 1947. Filha de José dos Santos e Hilda Silva dos Santos.
Naqueles tempos, havia o desejo de os homens se aventurarem procurando cada vez mais oportunidades em terras estranhas, principalmente no sertão de Rio Preto, como era conhecida nossa região. Muitos fatores propiciaram a vinda dos migrantes: terras férteis e baratas e a possibilidade de enriquecimento com a venda de produtos. Assim fez “seu” José dos Santos ao trazer toda a família para estas bandas, com intenção, entre outras, de fundar um vilarejo.
Pequenos clarões indicavam o início de povoados no meio da mata virgem. O acesso aos patrimônios era feito por velhas veredas serpenteando perímetros, evitando córregos e rios, longe de picadas de mosquitos causadores da terrível maleita. Nestas condições precárias chegam à região.
Segundo relatos históricos, a formação do município de Aspásia partiu da fazenda Córrego Cascavel, de propriedade de Leobino Tavares e Melchiades José de Matos, situada entre as terras do município de Urânia. A colonização iniciou-se por volta de 1946, com os pioneiros Mário e Rino Scapim. Terras férteis e com muito ainda por fazer, foi recebendo novas famílias, dentre elas a de José dos Santos, que viu ali a oportunidade de fundar um patrimônio. Assim que chegou, comprou uma gleba e imediatamente deu início ao loteamento do local. Seu empreendimento foi um sucesso. Em pouco tempo havia vendido todos os lotes. O lugar outrora mata agora era um arraial em desenvolvimento.
José dos Santos era professor de história. Por esse motivo batizou os filhos com nomes de personagem históricos: Péricles, Zoroastro, Lázara Frandes e Aspásia. Com a formação do povoado em 1958, decidiu homenagear a caçula, batizando o arraial com seu nome.
Morando atualmente em Santa Fé do Sul, dona Aspásia é casada com Aderbal Pagliarini e desse matrimônio nasceram os filhos Marcelo, Aderbal Jr. e Ana Elisa - casada com Odécio Rossafa e avó de Júlia, Danilo, Renata e Francisco. Seguiu o exemplo deixado pelo pai: tornou-se professora. Hoje aposentada, passa longos períodos à frente dos livros, uma das suas maiores paixões. Não raro, recebe visita de estudantes para entrevistas e desejosos de conhecerem aquela que emprestou seu nome ao antigo vilarejo.
Não tive o privilégio de conhecer fundadores de cidades, mas com certeza tenho-o ao ser amigo de dona Aspásia.