Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Quando o assunto é dinheiro, o mais comum é que se acredite em força de vontade, disciplina e organização, como se isso fosse algo nato e automático para o ser humano. Mas, se isso não funciona nem para quem tem 100% das capacidades cognitivas em pleno funcionamento (porque somos todos influenciáveis e irracionais), o que dizer para aqueles que possuem algum déficit no funcionamento cerebral? É possível que uma pessoa que tenha TDAH, por exemplo, consiga cuidar do dinheiro da mesma forma que alguém que não possui tal diagnóstico? E a resposta é não: cada ser humano é único e tem suas próprias dificuldades e obstáculos, por isso abordaremos esse assunto no artigo desta semana.
O primeiro ponto é compreender quais são as dificuldades relacionadas ao diagnóstico de TDAH: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, que se trata de um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e acompanha um indivíduo durante toda sua vida. Ser diagnosticado com esse transtorno não significa ser incapaz de realizar algo, mas os estímulos diários e o caminho para realização pode mudar. Um indivíduo TDAH não é alguém que não sustenta atenção em nada: isso é possível desde que faça sentido, desde que haja um motivo forte o suficiente para realizar um comportamento.
A principal característica de um TDAH é sobre tardar a recompensa: é uma pessoa que tem , que não consegue manter sua atenção em ambientes que são considerados de “baixa motivação”. É aí que chega a dificuldade em cuidar do dinheiro: conseguir esperar pela recompensa é uma das habilidades mais importantes para o consumo e os investimentos. Cabe lembrar que “recompensa”, quando estamos falando de neurociência, tem a ver com a liberação de hormônios que causam sensação imediata de bem-estar: comprar algo que se deseja agora é infinitamente mais prazeroso do que guardar o dinheiro. Comer uma comida gostosa (e, normalmente, gordurosa e cheia de açúcar) é muito mais interessante do que comer salada e ir na academia. Todos os comportamentos cujo tempo de recompensa (ou resultado) está muito longe do agora serão desafiadores para quem tem TDAH.
Isso significa que essas pessoas não serão capazes de ter equilíbrio financeiro, uma carreira e vida saudável? De jeito nenhum: a questão aqui é COMO essa pessoa vai lidar com esses comportamentos no dia a dia. E o primeiro ponto para conseguir é a motivação: normalmente, essas pessoas vão conseguir sustentar sua atenção em algo que for muito importante e fizer muito sentido para elas. Por isso é essencial definir o POR QUÊ realizar tal comportamento, de forma que o resultado seja bem importante para o indivíduo e servirá como um guia de decisões. Outro ponto essencial em TDAH e dinheiro é trazer pequenas recompensas para o processo: é possível usar fichas e pequenos reforçadores para o comportamento de guardar dinheiro, investir e conseguir resistir a uma compra (desde que o resultado disso seja muito importante para essa pessoa).
E o mais importante para qualquer pessoa (com TDAH ou não): uma boa rotina de sono e alimentação. O primeiro pilar para tomar boas decisões é o estado metabólico de uma pessoa – como estão funcionando seus hormônios? Sua pressão cardíaca? Seu sono está regulado? Como está a utilização de energia do corpo? Todos nós precisamos de sono de qualidade, atividade física, agenda, alimentação minimamente nutritiva. Sem isso, NENHUM ser humano é capaz de tomar boas decisões: nosso cérebro fica mais impulsivo e as áreas responsáveis pela racionalidade ficam incapazes de funcionar.
Portanto, um bom aliado do processo é a agenda: dar os “checks” diários do que foi feito é uma forma de reforçar os comportamentos e mostrar para seu cérebro que você é capaz de cumprir essas tarefas. Também é uma forma de aliviar a pressão sobre seu cérebro para que ele não tenha que se lembrar de tudo o tempo todo. E tenha motivos fortes o suficiente para realizar o comportamento: ele te leva a realizar um sonho? Que tipo de resultado ele trará? Esses são os pontos essenciais.
Cada ser humano é único e tem uma visão particular sobre o dinheiro, a depender das experiências e do contexto em que viveu. Por isso, o caminho da prosperidade e do equilíbrio financeiro é (e precisa ser) personalizado: cada um tem seus obstáculos, suas dificuldades e sua forma de enxergar o mundo. Não são apenas pessoas com TDAH ou qualquer outro déficit que precisam personalizar o método e entender seu funcionamento: somos todos nós. Não existe receita de bolo quando o assunto é dinheiro. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).
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