Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a). O dinheiro é a segunda maior causa de divórcios no mundo e, mesmo quando não é tão evidente, os problemas do relacionamento podem estar enraizados nas questões financeiras. Se você tem essa sensação de que todos os anos são iguais, seus sonhos estão cada vez mais distantes, se relacionamento está sem graça e nunca tem nada de diferente para viver, você pode estar em um problema financeiro mascarado. Isso sem contar as discussões e conflitos sobre o dinheiro, a fatura do cartão de crédito, a conta do banco sempre negativa e por aí vai...portanto, para te ajudar a sair desse limbo, vamos falar nesta semana sobre quatro pilares essenciais para cuidar do dinheiro em casal.
O primeiro pilar é sobre alinhamento: grande parte dos conflitos acontece porque você e seu(a) parceiro(a) não conseguem concordar sobre a forma de usar o dinheiro – ele acha que você gasta demais com coisas fúteis, você nem sabe com o que ele(a) gasta direito e assim por diante. Vocês precisam alinhar expectativas sem julgamentos: você sabe o que é importante para seu(a) parceiro(a)? Ele(a) sabe o que é importante para você? Qual o modelo de família vocês têm? Qual modelo de casal vocês têm? O que querem construir juntos, que tipo de vida querem viver? O que é felicidade para cada um? O que são os “pontos fracos” de cada um? Conhecer as expectativas do outro em relação à vida é o básico para construir um relacionamento feliz e duradouro. Se não houver alinhamento, cada um vai seguindo sua vida como se fossem solteiros dividindo o colchão. Infelizmente, grande parte dos casais não se comunicam e não se conhecem nessa profundidade.
O que nos leva ao segundo pilar: a conversa sobre o dinheiro. Muito se engana quem pensa que falar sobre as finanças é apenas abrir a fatura do cartão e discutir os gastos do mês – essa conversa é sobre a qualidade de vida da família, sobre os sonhos que querem realizar e as experiências que querem viver. O problema é que o assunto fica restrito aos dias de pagamentos de contas e as pessoas têm a necessidade de estarem certas. O resultado é uma briga de egos. A conversa sobre dinheiro não é sobre julgamentos, ver quem está com a razão, etc. É para alinhar as regras e jogar junto. Não importa quem errou no último mês: importa o que será feito daqui em diante. A conversa tem um objetivo específico: entender se os gastos do dia a dia estão coerentes com a vida que querem viver e os sonhos que querem realizar, fazendo os ajustes necessários e os combinados do mês.
O terceiro pilar é sobre os momentos a dois: o quanto isso está presente na organização da rotina? Escolhemos casar com o outro porque adoramos a vida do namoro: tem viagens, passeios e qualquer dogão na praça vira uma experiência. O problema é que isso morre depois do casamento: o dinheiro começa a ser direcionado para o pagamento de boletos, a troca do carro financiado, os infinitos parcelamentos e, com o casamento, morre o romantismo – ou nasce a dívida, para dar conta de tudo isso. No orçamento precisa ter espaço para ser casal: sair para jantar em um lugar diferente, trocar um presente, fazer uma surpresa. Colocar isso na organização mensal é o que vai garantir que o casal possa continuar fazendo a manutenção do amor, que é fortalecido dia após dia. A paixão inicial vai passar e o que vai ficar é a vontade, de ambos, de fazer dar certo, e isso precisa estar incluído nas finanças.
Por últimos, mas não menos importante, está a individualidade. Este é um erro bastante comum entre os casais: acreditar que tudo precisa ser feito junto e não existem mais gostos pessoais para serem atendidos. O perigo disso é que alguém sempre vai se sentir infeliz no decorrer do tempo, porque não consegue alimentar seus hobbies e fazer o que gosta. Cuide da individualidade, mesmo que lhe pareça ser fútil: se é importante fazer as unhas no salão, encaixe isso na vida. Se é importante jogar futebol com os amigos, busque estratégias para que isso continua fazendo parte da sua vida. Continuar fazendo o mínimo do que gosta é dar condições para quem ambos sejam sua melhor versão e construam um relacionamento de parceria e cuidado.
Dinheiro em casal não é sobre conta conjunta: é sobre alinhamentos e respeito. É sobre sentar para planejar juntos, fazer combinados e cumprir o planejamento. É sobre compartilhar as dificuldades, trabalhar os pontos fracos e parceria: não é um contra o outro, é um COM o outro. É olhar para o mesmo lugar. O casamento é como atravessar um rio cheio de correnteza à nado: os dois precisam estar se esforçando na mesma direção. Não vai funcionar se um está nadando e o outro está apenas boiando, ou fazendo força na direção contrária – ambos vão se afogar. Faça os alinhamentos. Pare de fugir das conversas difíceis. E, claro, unam forças para conquistar juntos: esse é o verdadeiro sentido de uma vida a dois que valha a pena. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).