Nós, caboclos e caboclas, amantes da boa e velha moda caipira, ficamos felizes com a notícia publica aqui no Diário da Região, no dia 3 de março dando conta de que o professor e escritor Romildo Sant’Anna vai escrever sobre a vida e a obra do maior violeiro de todos os tempos, Tião Carreiro. E, claro, na esteira dos acontecimentos, o professor irá falar do parceiro de tantos anos: Pardinho. Na reportagem - muito bem escrita, por sinal - da jornalista Dani Fanti, Romildo fala do cantadô: “Foi exímio instrumentista, intérprete dos mais criativos e extraordinário poeta”. A viúva, Nair Avanço, e a filha Alex Marli Dias procuraram nosso professor por indicação do famoso jornalista e repórter de TV José Hamilton Ribeiro. E, para minha surpresa, alegria e emoção, fui convidado pelo escritor para elaborar a capa do livro. Convite feito, convite aceito.
E, por falar em emoção, assisto há quase 30 anos, aos sábados, ao programa “Viola, minha viola”, na TV Cultura, apresentado pela madrinha dos violeiros, Inezita Barroso. Recentemente vi reprise em homenagem de um ano do falecimento ao não menos famoso cantador Tinoco. Houve desfile de duplas frente aos microfones, homenageando o antigo caipira. Qual foi minha surpresa, quando vi surgirem na tela os meus amigos Divino e Donizete, aqui da nossa terra de São José. Confesso que senti orgulho muito grande em vê-los no palco do teatro cantando sucessos da dupla. Sentado ao lado da apresentadora, com a saúde bastante debilitada e demonstrando estar feliz com os acontecimentos: Tinoco.
Enquanto os irmãos se apresentavam encantando o auditório, vez por outra Donizete soltava seu conhecido bordão: ”Quem tá feliz dá um grito!”. E, claro, o público respondia em tom de muita alegria. Eu, ali, em frente à TV a assistir não menos encantado, minhas lembranças me levaram aos anos de 1976, quando os ouvia também, só que pelas das ondas do velho rádio Semp às terças-feiras à noite na Rádio Nacional de São Paulo.
Morando na roça, nunca imaginei ser um dia amigo de tão famosa dupla e, depois de tantos anos, vê-los em ação pelos palcos da vida.
A dupla iniciou a carreira no longínquo ano de 1974. Um ano depois, participaram como convidados da coletânea “Linha Sertaneja Classe A”, na Rádio Record. O gosto pela música surgiu ainda na infância com o pai, senhor Mário dos Santos, hábil instrumentista, cantador e excelente compositor de moda caipira. Dona Aparecida, a mãe, foi quem batizou a dupla, retirando dos próprios nomes, já que o Divino se chama: Divino Antônio dos Santos, natural de Tupaciquara (MG), e Donizete: Aparecido Donizete dos Santos – São José do Rio Preto. Receberam o título de “Os violeiros do Brasil” e, nesses quase 40 anos de estrada, eles têm muitas histórias para contar. Certa feita deram carona para Tião Carreiro quando vinham de um show em um circo no Paraná. Ao chegarem a Araçatuba, desceram na casa de um amigo, foram convidados a entrar para um cafezinho. O amigo, depois de servir o café, vira-se para o Divino e diz: “ Você também não faz nada igual ao Tião?”
Constam no site da dupla 18 discos gravados. Feito que só grandes artistas conseguem. Fizeram apresentações nos mais distantes grotões por esse Brasil a fora.
Os “Violeiros do Brasil” aguardam ansiosos, como nós, pelo lançamento do livro do professor Romildo Sant’Anna falando dos “Reis do pagode”.
Uma coisa é certa: ganhamos nós, amantes da boa moda, do viver, do dialeto e do jeito caipira.