Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, caro(a) leitor(a). Estamos na terceira semana de janeiro e vale questionar: como está a motivação para que todas aquelas metas que você escreveu (ou mentalizou) no ano novo se realizem? Certamente, sua vida já está voltando à rotina e algumas daquelas boas intenções do começo do ano já se perderam. Não se assuste: isso é absolutamente normal e, no artigo de hoje, queremos te contar porque isso acontece e o que você precisa realmente colocar em prática para tirar seus sonhos do papel – contar com motivação e força de vontade não podem ser opções.
Tudo o que fazemos pela primeira vez depende de um neurotransmissor que atua no seu cérebro: a dopamina. Ao contrário do que ouvimos falar por aí, a dopamina não é o hormônio do prazer, mas da expectativa: ela é liberada no seu corpo diante do inesperado, da possibilidade de algo acontecer na sua vida. Ela é responsável pelo “quero mais” na sua vida. É ela que promove a conquista. Pense bem: o ano começou e você pensou em muitas coisas que quer realizar e na pessoa que quer se tornar: guardar dinheiro, ser mais saudável, fazer atividade física, melhorar seu relacionamento, ser uma mãe melhor, um marido melhor, um profissional melhor, fazer pós-graduação, melhorar seu inglês...e essa lista não tem fim. Você então coloca tudo no papel e se sente animado(a) com tudo o que vai realizar: 2024 vai ser o seu ano!
Acontece que, ao começar a executar o plano, a dopamina deixa de ser liberada porque isso não é mais uma expectativa de futuro: é sua realidade. Aquela “motivação” que você estava sentindo na primeira semana já evaporou: você já está voltando para sua rotina, com todas as dificuldades e desafios que ela possui (e que continuam lá, apesar do ano novo). Isso sem contar que, diante da falta de resultados, nosso cérebro deixa de executar comportamentos. Verdade seja dita: as coisas mais difíceis de conquistar são aquelas que precisam de mais tempo e recursos – é aqui que você acaba fracassando, simplesmente porque ir na academia por 3 semanas não muda em praticamente nada seu corpo; deixar de pedir meia dúzia de comida no aplicativo não tem um grande impacto na fatura do seu cartão. E todo o sacrifício dos últimos 15 dias parecem em vão - para que continuar?
Do ponto de vista de dopamina, ter coisas não interesse: o que importa é conquistá-las. Se a conquista demora muito, tendemos a desistir. Além disso, nossa capacidade de sentir satisfação no presente depende de outros neurotransmissores, chamados de AeAs: serotonina, oxitocina, etc. Isso significa que você não vai conseguir realizar grandes coisas se ficar dependendo de motivação.
Outra armadilha comum nessa época do ano é acreditar na tal força de vontade: entenda que ela funciona como um tanque de gasolina em um congestionamento – acaba rápido. Uma pessoa tentando gastar menos dinheiro pode até resistir a uma ou duas promoções recebidas no celular, mas resistir a isso todos os dias será impossível.
Como conseguir realizar suas metas, então? Primeiro, entendendo que você é um ser humano com muitos hábitos enraizados e que mudar isso será um processo – algo que leva tempo e precisa de repetição. Segundo, aceitando que você é irracional e “querer” não será suficiente. Você precisa, de fato, organizar sua rotina de uma forma que esteja menos exposto(a) às tentações, tornando fácil aquilo que você precisa fazer – exclua aplicativos de compra, frequente aquela academia perto de casa ou do trabalho, pare de seguir aquelas pessoas que só te induzem a comprar.
Tenha uma certeza: a dopamina (motivação) vai passar - se já não passou. O que vai sustentar sua vida saudável quando ela acabar? O que vai amparar seu relacionamento quando a paixão (dopamina) acabar? O que vai sustentar seus estudos quando isso se tornar rotina? O que vai sustentar sua vida financeira?
Nós respondemos: o seu por quê. É ter clareza sobre por que você está fazendo o que está fazendo e o quanto isso é importante para você que vai te sustentar diante das dificuldades e do desafio. É saber exatamente o que é inegociável para você e quais obstáculos você terá no caminho. Isso é um dos pontos principais a te guiar em qualquer realização na vida.
Portanto, você não é um fracassado(a) se sua motivação já se esgotou: você apenas precisa calibrar seu hormônios e ativar os neurotransmissores certos para agir ao seu favor. Isso é usar ciências comportamentais e neurociência como ferramentas de realização. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).