Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a). A cada 10 brasileiros, 8 estão endividados e, adivinhe: a maior modalidade de dívida é o cartão de crédito. Apesar de ser um bom instrumento de organização de gastos, a maioria das pessoas o utiliza da pior forma possível – considerando o limite como renda extra, parcelando infinitamente compras que pegam um grande espaço da renda mensal e, para piorar, parcelando a própria fatura, dando início ao ciclo de dívidas e empréstimos sem fim. Obviamente, o primeiro passo para sair dessa situação é analisar sua fatura, mas não estamos falando sobre números: esses dados escondem seus hábitos de consumo.
Uma prática bastante comum para lidar com o cartão é o “efeito avestruz”: você enfia a cabeça em um buraco, na terra, e finge demência. É assim que grande parte das pessoas olha para essa questão – o problema é que isso não só não resolve, como agrava tudo. Não adianta seguir a vida como se nada estivesse acontecendo: em algum momento essa conta vai chegar. Quanto mais demorar para encarar de frente, mais difícil pode ser sair da situação – os juros incidem sobre o valor e crescem cada vez mais com o tempo, podendo tornar sua dívida impagável. Mas como analisar sua fatura?
Grande parte do seu consumo está escondido no seu irracional, ocorrendo por meio de hábitos e comportamentos automáticos. Quantas vezes você já se pegou pensando “eu nem gasto tanto assim, mas meu dinheiro nunca sobra”. Fazer as pazes com seu cartão de crédito – ou excluí-lo de vez da sua vida – passa por analisar o padrão de consumo que existe na fatura:
• Quanto está comprometido com parcelas?
• Em quais estabelecimentos você mais gasta?
• Quantas vezes por semana toma um cafezinho ou come na padaria?
• Quanto da sua comida vem pelo aplicativo?
• Roupas, sapatos, autocuidado: qual o tamanho dessa categoria na sua vida?
• Com qual frequência você vai ao supermercado?
Sua fatura do cartão não pode ser um buraco negro no seu planejamento financeiro: é necessário olhar para o consumo que tem lá dentro, entendendo um pouco mais do seu funcionamento e dos seus “pontos fracos”. Talvez, ao fazer essa análise, você perceba que vai mais ao mercado do que imaginava. Talvez, não tinha nem ideia que gastava tanto assim de padaria. Ou então, percebe que as comidas por aplicativo têm sido inimigas do seus sonhos. Tudo isso você só vai descobrir fazendo uma análise mais profunda dos seus padrões de consumo, que estão escancarados na sua fatura mensal.
Outro ponto importante a destacar aqui é: talvez você entenda que o cartão de crédito não é para você. Veja bem, não é uma questão de fraqueza não conseguir usar bem o cartão de crédito – apesar da facilidade no dia a dia, esse instrumento vai contra nosso funcionamento natural. Nosso cérebro tem uma dificuldade absurda de lidar com o futuro, que é justamente o que o cartão faz – separa o momento de consumir do momento de pagar (e isso é tão forte que podemos ter a sensação que consumimos de graça!). Portanto, se você perceber que usar o cartão é algo tentador demais e que você acaba perdendo o controle, é melhor excluí-lo da sua vida.
É, nós sabemos: você foi convencido de que haveriam muitos benefícios, pontos, cashback e isso seria uma maravilha na sua vida. Mas, na prática, talvez isso só faça com quem você tenha cada vez menos controle e afunde seus sonhos, parcela a parcela. Pense nisso, caro(a) leitor(a), e tenha uma excelente semana!