Por José Dias Nunes, nem os amigos o conheciam, mas, se falasse Tião Carreiro, ah, o Brasil inteiro sabia de quem se tratava. Ele nasceu em Monte Azul, norte de Minas Gerais, no ano de 1934.
Filho de Orcíssio Dias Nunes e de Júlia Alves Neves, morava em fazendas e trabalhava na roça.
Monte azul era um lugarejo onde a seca era uma constante. Viu seu irmão Guilhermino morrer de sarampo. Minas tinha que ficar para trás depois daquele momento triste em sua vida. Destino: interior de São Paulo, onde as lavouras de café predominavam. A sorte não acompanhou a família em Paulópolis, distrito de Pompéia. O pai morreu assim que chegaram. A vida se complicou ainda mais. O menino tinha10 anos. Por esses tempos, já se destacava entre os colegas, tinha talento para música.
O genial Tião deu seus primeiros acordes na viola sozinho. Observava os violeiros juntando notas e acordes. Certa feita, no programa de Edgard de Souza na rádio Nacional de São Paulo, disse que aprendeu a ler e a escrever lendo jornais e revistas antigas.
Cansado daquela vida, foi para Valparaiso trabalhar como garçom no restaurante de um hotel. Nas horas de folga, cantava velhas canções de seus ídolos.
Começou a chamar atenção do público no programa “Assim Canta o Sertão”, na rádio local. Formou primeira dupla com o primo Valdomiro. Se apresentavam em quermesses. Até que um belo dia passou por lá o circo Giglio, onde se apresentaram com o nome de Zezinho e Lenço Verde. À medida em que a fama crescia, ia trocando de parceiro: Palmeirinha e Coqueirinho, Palmeirinha e Tietezinho e Zé Mineiro e Tietezinho.
Em 1953, enquanto cantava numa festa junina, conheceu Nair Avanço, com quem se casou. Tiveram uma única filha, Alex. Em 1956, surgiu em sua vida aquele que por longos anos emocionaria a vida dos caboclos amantes da moda caipira, Pardinho.
O primeiro nome da dupla não deu muito certo, Zé Mineiro e Pardinho. Em 1956, mudaram-se para São Paulo em busca de fama. Gravaram o primeiro LP. Conheceram Teddy Vieira, que se impressionou ao ouvi-los. Acertou em cheio ao batizar José Dias Nunes de Tião Carreiro. E foi também Teddy quem, ao ouvir a batida inusitada que misturava moda de viola, samba e ritmo nordestino, a batizou de “pagode”.
O nosso Heitor Villa-Lobos da moda caipira sofria de diabetes, para tristeza de milhares de fãs. Foi anunciado em 15 de outubro de 1993, em São Paulo, a morte do “cantado”.