No último dia 8, a nossa vizinha e querida Mirassol completou 113 anos de fundação. Rio Preto e a “cidade amiga” estão tão próximas uma da outra, que em alguns pontos já se tocam. Fica difícil saber onde termina uma e onde começa a outra.
O nome Mirassol, segundo a lenda, surgiu devido ao seu fundador estar descontente com o nome por ele colocado no início, São Pedro da Mata Una. Quando moradores vinham pra nossa cidade comprar no comércio, perguntavam de onde eram, o caboclo dizia que era da Mata Una. E o comerciante, em tom de gozação, dizia: “Ah, na mata um”.
Seu fundador tinha por gosto vestir o fardamento impecável da Guarda Nacional, acompanhado de espada reluzente, e caminhar pela vila em formação. Enquanto passeava, ao passar em frente à casa de espanhóis, viu no jardim enormes flores de amarelo intenso. Não resistiu e perguntou para a dona da casa que flor era aquela. Ela lhe respondeu que eram girassóis. Essa flor mira o sol, disse. Daí para Mirassol foi um pulo.
Os mineiros fizeram história em termos de formar cidades. Primeiro foi Rio Preto, fundado por um de Aiuruoca, João Bernardino de Seixas Ribeiro. Depois, nossa vizinha, por outro mineiro, Joaquim da Costa Penha, esse de Espírito Santo do Pontal, depois Espírito Santo do Motuca e, por fim, Eloy Mendes, município da mineira Varginha. Nasceu em 7 de setembro de 1865.
Contei com ajuda dos nevenses Silvio Arruda, João Alfredo Pinotti e Fernando Mendes para falar um pouco desse grande desbravador.
Capitão Neves era homem com o destino glorioso dos legendários bandeirantes que semearam nosso país com cidades e sonhos de prosperidade e progresso. Filho de José da Costa Penha e de Bernardina Maria Barbosa, humildes lavradores, quase não frequentou a escola. Com pouquíssima leitura, foi capaz de registrar minuciosamente os fatos mais relevantes de sua vida num diário que se encontra no Museu Jesualdo D`Oliveira, naquela cidade.
Em pesquisa na internet, encontrei um recibo da Loja Maçônica “Fé e Caridade”, de Bebedouro, de 7 de março de 1898, onde ele foi empossado como mestre tesoureiro.
Conheci há alguns anos sua sobrinha neta, dona Vanda Spíndola, de saudosa memória. Ela me apresentou farto material sobre esse intrépido mineiro. Imaginem nos dias de hoje fundar uma cidade. Capitão Neves fundou três: em junho de 1896, São Bom Jesus de Avanhandavinha, Monte Azul Paulista. Em setembro de 1910, São Pedro da Mata Una, Mirassol. E em maio de 1922, Canto Chão, Neves Paulista.
Para a querida Mirassol, meu carinho e meus parabéns. Ao capitão Neves, tomo posição de sentido e lhe faço continência, lembrando meus tempos de policial militar na ativa.