Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a). Esses dias, em nossa vida como imigrantes no Canadá, tivemos uma reflexão que vale a pena ser compartilhada por aqui, porque tem tudo a ver com nossa vida financeira e nosso sucesso de vida – qualquer que seja sua definição para isso. Uma frase do filme Rocky Balboa resume bem essa questão: “não é sobre quão forte você bate: é sobre quão forte você aguenta apanhar e seguir em frente”.
Um dos conceitos mais importantes da nossa vida financeira é o de reserva de emergência: é justamente essa ferramenta que nos dá margem de erro. É essa ferramenta que nos ajuda a passar pela fase do “dar errado”. E essa é uma realidade da nossa vida: vai dar errado em algum momento. A vida não é uma linha reta: filhos ficam doentes, pessoas perdem o emprego, o faturamento da empresa diminui, o carro quebra, e poderíamos ficar aqui o dia todo citando imprevistos da vida. E o problema desses imprevistos é que eles desequilibram o restante: eles te levam a dívidas, ao desequilíbrio emocional, a decisões irracionais, a “becos sem saída”, a encruzilhadas e falta de opções.
Um bom planejamento financeiro não é apenas sobre traçar o caminho para o sucesso (seja ele qual for), mas sobre ter espaço para lidar com os imprevistos, porque eles vão acontecer. Empresas de sucesso, profissionais de sucesso, quase tudo que envolve “sucesso” tem a ver com um repertório para lidar com períodos difíceis. Repertório emocional, financeiro, de conhecimento. O erro e os imprevistos são inerentes a nossa vida: eles estarão lá, não importa se você gosta ou não disso. A questão é ignorar os riscos disso acontecer e se blindar, ou fingir demência e não ter ferramenta para resolver os problemas quando eles acontecerem.
Controlar recursos escassos (dinheiro, tempo, atenção) é desafiador, mas é a única forma de, intencionalmente, viver a vida que você deseja. Relacionamentos saudáveis, saúde financeira, qualidade de vida, saúde física: tudo isso depende de controlar o pouco que você pode. E neste cenário, o maior desafio é controlar a si mesmo(a).
Por isso, querido(a) leitor(a), busque se blindar do viés do otimista: aquele sentimento que te diz que vai dar tudo certo no final. Este é só um atalho mental para justificar decisões emocionais e te levar a escolhas ruins. Se tem espaço para algo dar errado, tenha certeza que, em algum momento, vai dar errado. Essa ideia do “pior que está não fica” não poderia estar mais errada. Diante dessa realidade, você tem poucas escolhas: assumir o controle diante do pouco que é possível, e isso significa foco, organização, clareza sobre suas decisões e alguma margem de erro, ou ficar completamento jogado(a) ao acaso.
Grande parte dos problemas que você vive atualmente são pelo descaso que você tem com o pouco que pode controlar. Então, Rocky Balboa estava certo: às vezes, mais importante do que ganhar, é aguentar o fracasso por tempo suficiente. E não controlar essas variáveis também é uma decisão – ainda que inconsciente. A reflexão para a semana: assumir o pouco de controle que você tem e criar margem para os erros do caminho. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).