Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a). É senso comum: grande parte das pessoas tem pouca clareza sobre o papel das instituições financeiras na sua vida e como elas podem impactar sua organização, ou ainda causar prejuízos. Queremos aqui discutir e refletir a respeito do tema: como utilizar os produtos e serviços oferecidos a seu favor? Como não cair em armadilhas?
O primeiro ponto a esclarecer é que as instituições não são suas amigas e, tampouco, inimigas. Muitas pessoas sofrem uma “relação abusiva” com seus bancos por falta de informação – verdade seja dita: grande parte da população sequer sabe como funciona o crédito e os produtos bancários. Parte das pessoas nem sabem que existem opções de contas gratuitas, com zero custos ou tarifas. Isso, sem mecionar aqueles que pagam anuidades e taxas e desconhecem o que estão, de fato, pagando. E, sim: ainda tem aqueles que contratam serviços ou produtos ruins, apenas para ajudar seu gerente a “bater meta”. O primeiro passo para, de fato, não ser refém do sistema, é saber como ele funciona.
Instituições financeiras são prestadores de serviços: seu papel é facilitar a nossa vida – a transferência de recursos no dia a dia. Mas, quando falamos de forma mais ampla, o principal papel dos bancos – e demais instituições – é fazer a mediação entre os agentes superavitários (aqueles que conseguem guardar dinheiro) e os agentes deficitários (aqueles que precisam utilizar o crédito). Toda a economia funciona baseada nessa relação e o papel das instituições é dar transparência e segurança neste movimento. Portanto, existem serviços bancários que servem para ajudar na gestão do dia a dia, como as tranferências, o Pix, o pagamento de boletos, etc. Existem produtos que resolvem problemas específicos, como os seguros e previdências. E também temos os produtos que servem para captação de recursos: a poupança, os títulos de capitalização, os famosos CDBs, as LCs e assim por diante.
Precisamos entender que, ao pagar por uma anuidade ou uma conta específica, estamos pagando por produtos e serviços específicos. Você sabe o que está incluso no seu pacote? Você utiliza tudo o que está incluso? Seu perfil está adequado com o tipo de conta que você possui? Conhecer essas informações em detalhe vai fazer toda a diferença no seu relacionamento com o banco.
Mais duas regras para anexar na sua vida quando assunto são as instituições financeiras: 1) O gerente não é seu amigo – ele está defendendo os interesses da instituição. Por mais “gente boa” que ele seja, precisa manter seu emprego e, para isso, vai precisar bater metas e vender. Portanto, tenha essa clareza: antes do interesse em ajudar você, ele precisa cumprir seu papel de funcionário. 2) O que faz a relação com o banco ser abusiva é a sua falta de conhecimento. Você precisa perguntar e conhecer todos os detalhes antes de contratar qualquer coisa. Pare de ser preguiçoso(a): faça contas, leia as letras miúdas, entenda todas as condições oferecidas, se existem descontos ou cobranças extras; como suas parcelas são ajustadas, etc.
O conflito de interesses é algo muito natural no ambiente do mercado financeiro: se não houvesse conflito, corretoras não venderiam curso de Day Trade. Isso só ocorre porque essas são as operações mais lucrativas: quanto mais você movimenta a carteira, mais taxas você paga e mais dinheiro a instituição ganha. Os produtos com mais margem de lucro dos bancos serão os mais oferecidos, não importa se isso te faz ter prejuízos ou não. O que vai te blindar de decisões ruins nesse relacionamento é o seu conhecimento sobre o que está sendo oferecido (incluindo a margem de risco, que quase nunca aparece). Quando você escuta a expressão “é garantido” dentro do mundo do dinheiro, o mínimo que precisa fazer é desconfiar.
O que vai fazer as instituições serem mais confiáveis e transparentes somos nós: é o nível de exigência e conhecimento do cliente que não deixa brechas para os “abusos” acontecerem. Por isso, para realmente utilizar as instituições como aliadas da sua vida financeira, você precisa ter clareza sobre seu papel e como utilizar os melhores serviços. As instituições financeiras são como um martelo: nas mãos de um carpinteiro, serve para construir. Nas mãos de um assassino, serve para matar. O que muda é o nível de conhecimento e habilidade que se tem sobre ele. E o único caminho é o conhecimento. Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).