Minha querida Sônia Regina, veja o que o poeta Vinícius de Morais escreveu sobre amizade: “E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Sônia, você está casada com o Ivair, sargento reformado. Desta união, nasceram dois filhos, Gisela e João Vitor. Avó de três netos. Nos conhecemos há mais de cinco décadas. Fomos amigos de infância e colegas na Escola Mista da Fazenda Borá, dentro do Consórcio de Menores da Alta Araraquarense, hoje, Alarme.
Viajo no tempo e nos vejo brincando com meninos e meninas da fazenda São José, onde morávamos. Sônia, se lembra das nossas brincadeiras infantis? Eram as mesmas de toda criança da roça. Passar anel, pular cordas, brincar de pique e muitas outras nas noites de lua clara. Quando chegava o verão, tornavam-se quentes, não demorava e, de dentro da escuridão, os vaga-lumes surgiam entre os arvoredos. Em coro. gritávamos: “Bagalum tem, tem, teu pai tá aqui, tua mãe também”.
Na adolescência, as noites de sábado eram muita aguardadas, se lembra, minha amiga? Nossas brincadeiras dançantes na escolinha ou em barracas armadas no meio do terreiro, tudo era de pura magia. E quando chegava o mês de junho? Os caboclos com nomes de santo faziam homenagens aos santos de suas devoções. Seu pai, por ter o nome de João, mandava rezar o terço e, após, o tão esperado baile.
Minha querida, essa singela homenagem prende-se ao fato de que você vai completar no próximo mês de setembro 50 anos trabalhando com uma única família. Coisa raríssima nos dias de hoje. Sua jornada teve início lá no longínquo ano de 1973, ainda morávamos na fazenda, e a esposa do senhor Anísio Haddad - de saudosa memória - , dona Beny, te contratou para vir para a cidade trabalhar com ela. Além do casal, contavam também com quatro filhos, hoje todos casados, alguns até com netos. À época, Gisela com 13 anos, Márcio 11, Crystiane 8 e Juliane com 4.
Foram 50 anos de dedicação exclusiva, de muito amor aos patrões. Segundo você, a recíproca é verdadeira. Quando você é apresentada a uma visita, dizem: “Ela faz parte da família”.
Em companhia de dona Beny e familiares, viajou para alguns países, EUA, Itália, França. Sônia, sei que você tem por eles carinho, respeito, muita gratidão e amor incondicional.
Volto ao Vinícius: “Se um dos meus amigos morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles!”
Sônia Regina Gomes, minha eterna amiga!