Os pioneiros que por aqui aportaram, segundo Basileu Toledo França, foram os irmãos José e Joaquim Gonçalves. O território tinha uma extensão de 25 mil quilômetros quadrado, entre os rios Tietê, Grande e Paraná. Tamanho do estado do Piauí e da Bélgica. Em que ponto daqui teria estado o primeiro homem civilizado e quando? Ninguém sabe responder.
Entre 1810 e 1820, cerca de 160 famílias vieram para estas plagas. E, claro, todas eram mineiras.
O historiador rio-pretense Agostinho Brandi, no seu Roteiro Histórico do Distrito – 1852 -1894- , fala do papel que tiveram esses desbravadores:
“A penetração e o povoamento iniciais da vastidão territorial correspondente ao distrito de São José do Rio Preto, bem como a outras áreas da província paulista, estão inseridos na onda migratória mineira iniciada em fins do século XVIII e meados do XIX”.
Nossa cidade nasceu, cresceu e se expandiu à sombra dos cafezais, para onde acorreram homens e mulheres em busca de riqueza que o grão proporcionava.
O café tem origem na Etiópia, de onde teria sido levado para a Pérsia e para a Arábia. .
A rubiácea entrou no Brasil pela Guiana Francesa, no início do século XVIII, levado por Francisco de Melo Palheta.
Professor Brandi afirma que o primeiro contrato de locação celebrado para plantio dessa cultura foi de prestação de serviços, assinado em 31 de janeiro de 1879, em Rio Preto, entre Bernardino Canuto Ribeiro e Vitalino Martins Teixeira. O segundo ficou responsável pela plantação em área de “setenta e cinco braça coadrada”, ao preço de 400$000 (quatrocentos mil réis) e prazo de três anos. Daí podemos concluir que lavouras de café haviam se instalado em nossa cidade pouco tempo depois.
Hoje, na região, não temos a planta nem pra remédio. No entanto, o maior produtor de café do mundo é um rio-pretense. Saiu daqui em 1957, na época com 15 anos, com a família em direção ao Paraná, onde se instalou. Foi lá que tudo começou. Compraram pequeno sítio de seis alqueires, derrubaram a mata e plantaram café.
Em 1986, foi conhecer o cerrado mineiro e se encantou. Hoje mora em Monte Carmelo (MG), tem fazendas produzindo em Minas e na Bahia. As colheitas ultrapassam 500 mil sacas anuais. Durante a safra, chega a ter por volta de três mil e quinhentos peões contratados, fora os quinhentos fixos das propriedades.
Antônio Francisquini, em depoimento a um canal em rede social, disse que tinha seis anos quando ia buscar roupas para a mãe lavar a um hospital de Rio Preto. Na mesma cidade, foi cobrador de ônibus. Passaram muita necessidade. As vestes eram remendadas.
Nosso conterrâneo tornou-se multimilionário, mas não perdeu a essência. Usa roupas simples, seu escritório tem paredes encardidas. Próprio de quem muito tem e não precisa mostrar a ninguém.