Hoje, ao acordar, olhei para minha amiga e companheira, a árvore que mora em frente à minha casa, condomínio e restaurante ao ar livre dos pássaros, pois possui a capacidade de fornecer frutos saborosos e ricos, observei que o fenômeno do outono já se iniciou para ela. Tão inteligente que ao invés de ter as folhas lesadas pelo frio do inverno, as derruba “deliberadamente” no outono, em um processo por ela controlado como uma adaptação ao frio que está por vir. Isso me fez refletir sobre a profunda sabedoria divina que faz com que as folhas em seu tempo caem na terra que nutre a árvore, que por sua vez faz a folha nascer de novo e, dessa forma, tudo se aproveita e nada se perde na natureza. Essa lição vem impregnada de significado nos lembrando da harmonia e da interdependência que permeiam toda a Criação. Cada um cumpre seu papel contribuindo para o ciclo infinito de renovação e crescimento. Assim, a folha que cai não representa um fim, mas sim um elo essencial em um processo contínuo de transformação e renascimento. Lembrando aqui das Leis Universais, segundo a Hermética: “Tudo o que acontece no âmbito superior tem seu correspondente também nos âmbitos inferiores. O que acontece na esfera mais elevada influencia a esfera inferior; e, ao contrário, tudo o que acontece na esfera inferior é um reflexo daquilo que existe no superior.” Então, podemos inferir que a nossa vida não é diferente. Muitas vezes nos deparamos com momentos de perda, dor, mudanças e nos sentimos como a folha que cai, soltos de nosso galho, destinados a cair no solo aparentemente frio e desconhecido. No entanto, essa lição nos dá o conforto que não estamos abandonados ou perdidos. Ao cairmos, alimentamos o solo de nossas experiências e contribuímos para o crescimento futuro, nosso e de todos ao nosso redor. A folha que cai simboliza a transitoriedade da vida material e a permanência do espírito. Ela nos lembra que, mesmo quando deixamos o plano físico, nossa essência continua transformando-se e renascendo. Assim como a folha se desintegra para nutrir a árvore e dar origem a novas folhas, nossa passagem pela Terra serve a um propósito maior de aprendizado e evolução. A vida é um ciclo eterno, é uma oportunidade de crescimento e aperfeiçoamento. Nada se perde no Universo. Cada pensamento, cada ação, cada aprendizado é guardado e levado adiante moldando nossa jornada espiritual. Tudo que vivemos tem um propósito, uma razão de ser e nossas ações reverberam pelo tempo e espaço, contribuindo para o progresso do próprio universo. Quando enfrentamos desafios e momentos de dor, é importante lembrar que são essas experiências que fertilizam o solo de nossa alma, que nos fortalecem e nos preparam para novas fases de crescimento e, assim como a árvore precisa da folha que cai para continuar seu ciclo vital, alcançaremos nossa plenitude espiritual. Diante disso, sábio seria se pudéssemos abraçar cada fase de nossa existência com confiança e serenidade sabendo que nada se perde e que cada etapa é uma preparação para algo maior e mais belo nutrindo a Terra com nossas experiências, fortalecendo a árvore da vida espiritual para que novas folhas possam brotar, mais verdes e vigorosas do que nunca agasalhando em nós o Todo universal. Esse Big-Bang dos ateus que o cientista vê no seu telescópio, talvez seja o justo momento em que Deus, o grande arquiteto, está fazendo um parto em Si próprio nos convidando a sermos os pedreiros na sua imensa obra. A visão é bem estranha, eu reconheço, mas a imagem transmite boa filosofia e fica mais fácil a ideia de um recomeço.